Crônica - Shirley - Manoel Messias Pereira

Shirley

Uma amizade é algo que bordamos em ouro e entesouramos no coração. E o tempo passa mas a alma amiga é uma vida que nada se desfaz, pois o destinos as fez iguais em carinhos e ternuras.

Lembra Shirley, que passava sempre na rua em que você trabalhava, e te via sempre compenetrada. É você me deslumbrava pelo teu olhar de rudez, sempre séria. Mas encantava quando eu surgia e você abria um sorriso mais lindo que uma rosa branca.

Recordas que sempre saiamos das empresas em que prestávamos serviços e caminhávamos pelas calçados, contando estórias, falando de histórias, e assuntos diversos. Entre os quais falávamos de filmes, de música, de política, de antropologia, de espiritismo, de futuros. Éramos quase crianças bem pra falar a verdade adolescentes. E tínhamos todos os anseios possíveis que podíamos.

Um dia você trouxe-me uma camiseta amarela com uma propaganda da empresa em que trabalhava. Nossa guardei com tanto carinho, e também usei tanto, pois sempre que estavas com ela, lembrava que estava com algo que você me deu. Não sei se lembra que das nossas conversas eramos francos sinceros mas sempre nutrido de respeito. Por tudo que há de mais sagrado, como era tão feliz conversando e tendo a sua amizade. E mesmo quando havia discordância entre nós, não brigávamos. E o que me fica na lembrança era que você mordia os lábios. E eu te achava um charme de menina.

E na sua residência a sua mãe sempre foi aquela pessoa que preparava um café, um chá, sempre com aquele jeito característico de pessoa do interior. Seu pai sempre estava no alpendre, ouvindo um pássaro cantar e pacientemente lendo um pequeno livro. Mas você sempre disse que ele foi músico e que aposentou-se da música. Nunca acreditei, pois o artista pode parar pessoalmente, mas dentro de si a arte ramifica fisicamente até ao infinito.

O importante é que nuca deixamos de ser amigos. A amizade é como o vento que traz frios vindo do sul, que traz nuvens vindo do norte, que faz em nós saudades, traz risos, traz lágrimas. E o tempo as vezes vai passando os nossos olhares se distanciando, a vida faz de nós seres que tomam rumos divergentes, casamos, pra ser felizes.

E sei que conversando com minha mãe você declarou que o seu casamento foi um ato de dor. Sorri pois também sinto-me assim, após ter casado. Ou seja desejamos ter filhos, ter um gato pra miar e encher o saco, um cachorro pra passear, mas mesmo tendo isto tudo sentimos frustrados falta algo. A amizade é um espaço pra nos declarar ou pra lamentar com o tempo. E isto é dor.

Tenho vontade de voltar ao tempo, ainda te esperar, pra caminharmos juntos como na nossa juventude, e conversar todos os assuntos possíveis. E com certeza a nossa amizade que fora e continua tão bela, poderia ter um outro fim. Se tivemos declarado o Amor entre nós. Mas o destino é uma construção de estradas, seguimos os passos, na hipótese de ser apenas felizes. Abraços amiga.


Manoel Messias Pereira

cronista
Membro da Academia de Letras do Brasil - ALB
São José do Rio Preto -SP. Brasil








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