Noticia provindas de Portugal sobre os acontecimentos da França

Ataque em Nice: “Estão a dizer-nos para nos fecharmos em casa. Eu não quero sair”

Mais de 70 pessoas morreram quando um camião foi conduzido contra uma multidão que celebrava o Dia da Bastilha. Emigrante português estava no local.
Pelo menos 73 pessoas morreram, dizem fontes policiais, quando um camião avançou contra a multidão no Passeio dos Ingleses em Nice. Há ainda pelo menos meia centena de feridos em estad muito grave, no que as autoridades estão a classificar como um atentado. Tinha-se juntado muita gente ali, para assistir ao espectáculo de fogo-de-artifício e festejar o feriado nacional do 14 de Julho, Dia da Bastilha. 
"O camião rolou sobre a multidão durante uma longa distância, o que explica este número tão grande vítimas", explicou à televisão BMF Sebastien Humbert, prefeito para a região dos Alpes Marítimos. O camião percorreu o Passeio dos Ingleses a alta velocidade durante 100 metros antes de se lançar contra a multidão, onde arrastou tudo à frente durante cerca de dois quilómetros. 
“Foi um pesadelo. Era uma noite de festa”, diz ao PÚBLICO Miguel Cunha, natural de Paredes de Coura e a viver em Nice há quatro anos, contando que tudo aconteceu depois do fogo-de-artifício. O fisioterapeuta de 28 anos estava no Passeio dos Ingleses. Estava do lado onde o camião apareceu. Escapou por atravessado da estrada minutos antes para se encontrar com uns amigos (quatro portugueses e dois espanhóis).
“Quando nos estávamos a encontrar, olho para o outro lado e só vejo pessoas a voar”, conta o português, ainda em choque. “Pareciam moscas a voar. Foi horrível. A rua estava cheia de pessoas, de famílias. Toda gente tinha saído, havia concertos”, continua, explicando ter visto o camião parar “uns 30 metros à frente”, antes de ainda se terem ouvido tiros. “Não foram os tiros que o pararam, ele parou antes. Deve ter tido algum problema. Ainda vi uma pessoa a tentar subir ao camião e a puxar o homem para fora.”
O camião, conta o emigrante, já vinha a atropelar pessoas desde trás. “Dizem que vinha em ziguezague para chegar a mais pessoas mas nos últimos 30 metros, o que eu vi, ele já vinha em linha recta e a abrandar. Não devia vir a mais de 50 km/h.”
A prefeitura está a tratar o caso como um ataque terrorista e aconselha os habitantes a ficar em casa. O local onde se passaram estes acontecimentos é um ponto altamente turístico desta cidade do Sul de França. Houve uma troca de tiros e o condutor do camião foi abatido, depois de ter saído do veículo a disparar, avança a prefeitura. O camião parece estar crivado de balas, dizem os vários media franceses. Dentro do camião foram encontradas armas, diz oLe Figaro, espingardas e granadas.
Miguel Cunha lembra que, tendo em conta os últimos ataques em França, a presença de militares na rua é constante e que por isso a resposta não tardou. Os tiros que se ouviram na rua foram disparados pela polícia e os militares.
O incidente deu-se perto do Hotel Negresco e a polícia impôs um significativo perimetro de segurança, relata a AFP. Há muitos polícias, militares e ambulâncias a circular, diz o jornal Le Figaro. "Foi o caos absoluto", descreveu um jornalista da AFP que estava presente no local no momento da investida do camião sobre a multidão. "Vimos gente atingida por estilhaços que voavam por todo o lado, ouvíamos pessoas a gritar. Tive de proteger a cara dos destroços."
ERIC GAILLARD/REUTERS
“O camião ficou todo cravejado. Na confusão, eu fugi para o casino”, para onde fugiram tantas outras pessoas, conta Miguel Cunha. Lá dentro, temeu-se pela segurança. “Pensámos que poderia haver algum terrorista e voltámos a fugir. Eu saí pela porta de emergência dos fundos e perdi-me dos meus amigos”, diz. “Ainda tenho uma amiga portuguesa que está presa no casino, não a deixam sair”, acrescenta, já em casa, explicando ter seguido as ordens das autoridades que pediram às pessoas que fugissem para casa. “E agora estão a dizer-nos para nos fecharmos em casa. Eu não quero sair.”
No entanto, Miguel Cunha sabe que amanhã é outro dia e o medo não poderá vencer. “A vida continua. Vai ser difícil mas vou sair de casa e vou trabalhar”, afirma. A não ser que receba indicações contrárias. “Vamos ver o que vai acontecer. Por exemplo, amanhã [terça-feira] há um concerto de Rihanna no estádio”, aponta, ao mesmo tempo que vai relatando as novidades que vai ouvindo na televisão. “Não consigo dormir, só penso que não era a minha hora.”
O ministro do Interior, Bernard Cazeneuve, estará esta noite ainda em Nice. O Presidente francês, que estava no Festival de Teatro de Avignon, já regressou a Paris, para se juntar à célula de crise, no Ministério do Interior. Recorde-se que este ataque acontece quando François Hollande tinha acabado de anunciar que o estado de emergência, que vigora desde desde os atentados de Paris, emNovembro do ano passado, ia ser levantado a partir de 26 de Julho.
Não há reivindicação do atentado mas, diz Romain Caillet, investigador do jihadismo, na Internet os extremistas felicitam-se por ter acontecido este ataque, diz o Libération.
Em declarações à Sic Notícia, o secretário de Estado português das Comunidades, Jose Luís Carneiro, disse não ter informação de portugueses entre as vítimas do ataque.
     
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