Crônica - Caminho da Escola - Manoel Messias Pereira

O caminho da Escola
Muitas lembranças guardamos do período em fomos crianças. O caminho que ia para a escola é um que nunca esqueço-me, saia de casa pela Rua regente Feijó, que era bem diferente do que é hoje. Ela era torta, e onde passa o Córrego Aterradinho, ali havia uma pinguela, muito mal feita. Ao atravessar tínhamos a casa de um casal de japoneses, que plantavam flores e verduras. E seguindo o caminho havia um cruzeiro e uma pequena Igrejinha. Lá onde depositavam flores, santos quebrados, velas acesas e creio  orações e intenções. Talvez por alguém que tenha caído morto por assassinato ou morte natural. Ninguém nunca me explicou. O que sei é a vida é sim de eternas recordações, quando era criança pensava no futuro agora adulto lembro de como era em criança.
As coisas que intrigava era a casa em que plantavam flores e verduras, pensava que o mundo da época copiava aquele casal de japoneses. E pensava sempre os brasileiros vão precisar de um japonês, pois via desde cedo ele ou ela  aguando a horta e cuidando das flores. E observava que quase todas as casas gostava de plantar flores, organizar um jardim na frente e no fundo fazer uma horta com alface, cebolinha, cheiro verde, rúcula, agrião era interessante. Pois hoje os quintais são todos de cimentos e as pessoas já não se preocupam em plantar. Tudo é na base do supermercado. Vão lá e encontram verduras, legumes e coisas assim.
A outra coisa era aquela igrejinha, sempre alguém deixava uma vela acesa. E eu perguntava-me será intenção a uma alma. De quem é essa alma. Quem é a pessoa que por acaso morreu ali. Mas penso também que esses cruzeiros faz parte da cultura do povo brasileiro. Pois minha mãe dizia, que onde há almas, as pessoas vão rezar pois elas choram quando os filhos não combinam mas riem de alegrias quando seres humanos se combinam.
Ao entrar na Vila Ercília, sempre via um senhor chamado senhor Wilson que esperava com o filho dele para que seguíssemos juntos para a aula. E lá íamos nós, até encontrar outro colega o Toninho na qual o pai dele era um músico, e ele as vezes desmaiava. Na sala de aula eram apenas garotos que seguiam a rotina, que obedeciam ordens, que cantava o Hino Nacional, que ficávamos em fila, que líamos, escrevíamos e tínhamos que entender a matéria. Diferente dos alunos de hoje evidente. que tens tudo mais se perguntar o que estão vendo na escola nem sabe e muitos nem ler direito não sabe.
A escola era numa praça num jardim aberto com bancos para as pessoas que passavam sentar-se e conversar. E essa mesma escola que fica numa Avenida chamada de Saudade, hoje o prédio está lá só que o jardim não existe, o que existe é grade cercando o prédio. E um detalhe naquele tempo havia um respeito pelo patrimônio público que enfim acabou.
A crítica que faço é no sistema capitalista, na qual poucos tem um acúmulo de bens materiais e dinheiros e há uma intensa propaganda nos meios de comunicação visando uma política de consumismo e as pessoas que não possui esse acúmulo tende a buscar recursos de forma ilícitas, e além desta conclusão, há a possibilidade de haver pessoas viciadas em drogas que desejam subtrair bens para revender e comprar pequenas porções de droga para manter os seus vícios. Neste caso pode ser drogas lícitas ou ilícitas tanto faz, não sei e nem vou ficar fazendo esse tipo de classificação.
Voltando a casa do casal de japoneses, foi desmanchada. Naquele local há  uma escola pública municipal, onde antes já foi uma creche dos espíritas. E onde havia a igrejinha hoje é um ponto de ônibus urbanos, local em que pessoas conversam muitas histórias mas não sabem disto. E onde no passado havia uma algodoeira há uma escola particular.
É assim na minha lembrança o menino do Sr. Wilson, o Wilsinho é funcionário da Prefeitura Municipal um senhor de cabelos grisalhos hoje. O Toninho o outro colega faleceu. Eu cresci, de criança fui adolescente, fui adulto e hoje já chego na minha melhor idade. O que percebi é que a escola está mais próxima dos cidadãos, mas o que todos reclamam é da qualidade do ensino. Mas a escola pública hoje tem uma função formar mão de obra barata para o mercado. E mão de obra que podem descartar a qualquer momento de acordo com a exclusão social organizada pela classe burguesa que domina o mercado. Essa escola está plantada pra não formar o ser transformador, mas apenas o ser pra ser massa de manobra. O problema pode ser resolvido quando o povo acordar deste sono desta ilusão, que é o mundo capitalista. Mas temos outra história, para uma outra oportunidade. Abraços.
Manoel Messias Pereira

cronista
membro da Academia de Letras do Brasil -ALB
membro da Associação  Rio-pretense de Escritores -ARPE
São José do Rio preto -SP.
 
 
 

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