Artigo - Aristides dos Santos - Manoel Messias Pereira a



Aristides dos Santos

No dia 11 de fevereiro de 1914, em Campinas nasce Aristides dos Santos, foi engraxate, pedreiro, cantor de orquestra, ator amador,  militante da comunidade negra, foi presidente de Honra do Conselho Afro de São José do Rio Preto e faleceu em São José do Rio Preto-SP, com 99 anos de idade,no dia  11 de junho de 2013.

Aristides dos Santos, foi alguém que sabia onde doía a dor da discriminação e preconceito. Teve essa dor como aprendizagem de consciência em uma sociedade que tem status de preconceituosa discriminatória alicerçada em valores da política do branqueamento, do positivismo, cientificismo que aparece com uma sociedade de disfarces. É nesta vida que Aristides cresceu, conheceu outros seres humanos, autores e atores das atividades político-sociais e destacou-se como uma das mais nobres relações: a da amizade. Como ele mesmo falava sempre como vai nossa amizade?

É nessa relação de cordialidade verdadeira que Aristides insistia em discutir e estabelecer propostas para uma mudança social benéfica aos cidadãos afro-brasileiros.

O que se observava é que Aristides sempre conversava e deixava uma frase solta e de efeito,como sou um homem que perdeu tudo mas não perdeu a fé! Uma fé inabalada que o levava, cotidianamente, a ter como bandeira o direito civíl do povo negro brasileiro. Ou quando diz, não sou um homem formado e falo com os meus sentimentos e pela necessidade! Demonstra que ele estava muito bem formatado na Universidade da Vida.

Professora Niminon Suzel Pinheiro

Na sua fala em todo o trabalho, mostra profundidade no conhecimento cultural, na vivência cultural, que permite entendê-lo como alguém que criou a oportunidade de ser líder e liderou! Exemplo disso é quando el cita o personagem Marcílio Dias, que é o nome do salão de baile no centro de São José do Rio Preto-SP. Marcílio Dias foi um marinheiro da Armada Imperial Brasileira, herói da batalha Naval do Riachuelo, durante a Guerra da Tríplice Aliança. Um cidadão negro, o tipo de brasileiro que geralmente não é lembrado em livros escolares, seja da rede pública ou da rede particular de ensino, portanto não sendo citado em aulas. Porém observa-se que Aristides buscava valorizar esses personagens negros, tendo compartilhado espaços com negros provindos até mesmo de lares sem estudos ou analfabetos. Nesse sentido também podemos citar o poeta João da Cruz e Souza. Em muitos cursos universitários de Letras existem alunos e professores que não se aproximam ou tem dificuldades de conhecer o escritor de nossa literatura. O maior simbolista da literatura e língua portuguesa, Cruz e Souza morreu pobre num casebre, no Rio de janeiro. O cineasta Silvio Back fez, em 1998, o filme Cruz e Souza o poeta do desterro, que retratava a vida e a dor do nosso poeta, mas estes documento cinematográfico não é utilizado nas escolas, nem na sociedade.

Outro aspecto interessante de seu pensamento é que ele traz a ideia da nacionalidade associada a uma identidade continental, e isto aparece   onde ele diz que o japonês tem a sua cidadania no Japão, o italiano na Itália e ele reivindicava para os negros o Continente Africano. Ao meu ver, isto remete à reivindicação da União Africana -UA, que é um organismo dos povos africanos, ou a Organização das Nações Unidas - ONU, com a corresponsabilidade de toda a humanidade para com as luzes humanas que atravessaram o Oceano, e que é chamada hoje de diáspora africana, para brilhar entre várias partes do globo terrestre. Esses negros são demonstrações de que enquanto o processo capitalista, no seu desenvolvimento via corpos para serem vendidos e a mão de obra escrava como elemento da transformação num fator de agregação da riqueza, junto a esses corpos havia mentes, filosofias, religiões, e era trazida uma cultura diferenciada em relação aos povos europeus. Portanto, senhor aristides afirma-se brasileiro, mas reivindica uma revolução fundada em termos de procedência da comunidade negra no mundo: o continentalismo.

Quando ele falava das famílias, lembrando pessoas omo senhor Pedro Moura e seus filhos, e da Orquestra na qual se destaca o músico conhecido internacionalmente Paulo Moura. Ele falava também de outras famílias, mas nunca abordava a questão teatral na qual atuou no Grupo Teatral Rio-pretense, organizado pelo professor Nelson Castro. Hoje em Rio Preto duas unidades de espetáculo tem o seu nome uma na Vila Itália e outra as margens da represa Municipal. Outro ponto que ele não disse, mas é que atuou como crooner de orquestra, conforme identifiquei conversando com o falecido sr. Reinaldo Vitor de Souza, que tinha a Orquestra Reinaldo e Sua Orquestra. Portanto são assuntos que ele poderia ter dito mas não disse. E neste artigo, que na verdade foi usado por mim na apresentação de seu livro estabeleci. Como ele mesmo afirmava ao olhar em nossos olhos. Dizendo uma paz profunda!


Manoel Messias Pereira

professor
São José do Rio Preto -SP. Brasil.


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