Poesia - Mandela - Marcio Barbosa


Poesias de Marcio Barbosa - Mandela


MANDELA


I

Nenhum cárcere pode prender, entre paredes de pedra
e musgo, a música das passeatas, a voz rebelde dos
jovens, o beijo de amor das mulheres no rosto negro
dos homens, aurora do novo mundo nos bairros de lata e pólvora.

II

Não, nenhum cárcere tira dos homens os sonhos de
liberdade. Os sonhos desafiam as armas, o fogo não
os dilacera,, os homens vertem o sangue mas seguem a
luta cantando.

III

Ah, senhores que túmulo de merda será o vosso, que
vermes vos roerão na morte amarga e sonora, que al-
vos dragões defecarão em vossa carne. Nenhuma es-
tupidez escraviza o negro ao branco e permanece
impune.

IV

Qual cárcere pode prender o etéreo aroma da flor, o
horrível rugido da fera, um róseo brilho de fogo, o cari-
nho de uma criança nas mãos rugosas de um velho?

V
Pisa, Sul da África, a nívea pele dos oceanos de bran-
cura, invade as ricas cidades, derruba os prédios mal-
ditos, a música da vitória acorda todos os povos, se-
guiremos teu exemplo de luta e dignidade.

VI

Não, nenhum cárcere detém o crepúsculo ou impede a
marcha sangrenta das horas.


Marcio Barbosa

poeta
Grupo Quilombhoje-literatura
São Paulo - SP









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