Crônica - A benção chamada Brasil - Manoel Messias Pereira


Mapa de Alberto Cântino - 1502

A verdadeira história da consciência européia sobre as terras brasileiras iniciou-se em 1325, quando o cartógrafo Angel Dalôrto elaborou a primeira Carta Náutica, que registra o território da "Ilha Brazil" - isto a 175 anos antes de Portugal tomar posse do Brasil inicialmente.

O ano de 1325 foi também o ano que falece o rei D. Diniz, subindo ao trono o seu filho Afonso IV. dezoito anos mais tarde, a descoberta do Brasil foi oficializada ao Papa Clemente VI em carta datada de 12 de fevereiro de 1343, acompanhada de um mapa com inscrição de "insula do Brasil ou de Btandam" O nome Sancho de Santius, o mais santo, ajudou a convergência para São Brandão.
Papa Clemente VI quem oficializou a descoberta do Brasil "em 12/02/1343.

Os mapas medievais apontavam as terras brasileiras, e os estudantes de história deve partir para verificar o mapa Médici, datado de 1351, no qual consta uma ilha com o nome de "insula Brasil" aparecendo a leste da península Ibérica. Assim como o mapa Catalão anônimo, cuja data é calculada em 1350, conservado na Biblioteca Pública Moderna Italiana que indica que no Atlântico uma terra de nome "Ilha Brazil". Temos também o mapa de Picgnano, datado de 1367, com Inscrição em Latim cuja a tradução seria "Ilha dos carneiros", terra lendária encontrada por São Brandão em sua viagem a procura do Paraíso. De 1387 aponta para a Ilha do Brasil e em 1345, o mapa de Andrea Di Bianco, mostra nos no extremo ocidental do Atlântico, a Ilha do Brazil. Em 1496 o Globo de Behain, feito na Alemanha confirma a "Ilha do Brazil", e nesse mesmo ano Juan Ortiz mostra a Ilha do Brasil e o Grande Rio. E em 1502, Alberto Cântino fez o mapa copiado destes outros documentos cartográficos e outros relatórios de expedições, que aparecem ter apontado em nossa terra antes de Pedro Álvares Cabral.

Se o sucesso nas navegações portuguesas couberam a D. Diniz e D, Afonso IV, quem ficou com a fama foi D. Manuel o "Venturosos" que tratou da oficialização perante ao mundo com a organização da esquadra de pedro Álvares Cabral, para consolidar aposse de Portugal sobre as terras brasileiras.

D. manuel I "O Venturoso"

O pesquisador Felipe Cocuza explica que durante a Idade Média, esse lendário Brasil, trouxe poesia, tradições, profecias e folclore. e a palavra "brasil" é de origem céltica: a raiz bra, bresquer dizer benção, paralela ao inglês " bless". Mas a outra origem, a hebraica " bracha", também com o sentido de benção, e na sânscrito " "brahaman" que significa a existência suprema de onde tudo se emana. E essa raiz prende-se ao germãnico "brasa", com o mesmo sentido em português: da raiz Br: vem brilhar. A ideia, portanto, é fogo, é luz é benção.

A escritora Claudia B S. Pacheco afirma que Brasil quer dizer "Ilha abençoada". O professor Jose Negalha, ensina -nos que a madeira do pau-brasil provém de brasa, mas que o nome Ilha Brasil é muito mais antigo do que o conhecimento desta madeira.

Se a origem do nome Brasil pertence aos povos celtas é preciso lembrar que essa etnia, que habita o norte da Itália, Escócia, Inglaterra, País de Gales, Bulgária e Irlanda, desaparece quando ocorre a expansão do Império Romano, que impôs a sua superioridade, o seu exército e, sobretudo, a sua ambição histórica. e os celtas que acreditavam em fadas, gnomos, silfos, duendes tinham como preocupação o respeito pela vegetação, pelas ervas, pelas árvores, acreditando que suas raízes procuravam as profundidades da terra e os ramos abriam para o horizonte, simbolizando as relações constantes entre o que esta abaixo e o que esta acima, entre o imanente e o transcendente. E todo este inventário folclórico, cultural hoje fundamenta esse espaço geográfico brasileiro, privilegiado a ser o mundo mágico espiritual de homens e mulheres que compartilham de esperanças.



Manoel Messias Pereira

poeta, professor de história
São José do Rio Preto - SP.


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Cultura Afro - brasileira se manifesta na música, religião e culinária

Poesia - No capitalismo é assim - Manoel Messias Pereira

Poesia - ferro - Luis Silva Cuti