Crônica - Refletir na Construção Coletiva - Manoel Messias Pereira


Refletir na Construção Coletiva



Viver é compreender os conflitos e libertar-nos desses conflitos. Os conflitos que podem ser interior e exterior. Pois cada um de nós somos o mundo e temos este mundo em nós .  Mudar o mundo é estabelecer que há necessidade de uma construção coletiva em que nós na cidade possamos ser parte das transformações propostas. Não apenas financiando projetos políticos não discutidos por nós, nas nossas salas de jantares, ou no nosso cabelereiro, ou nas confrarias na qual fazemos parte.

Pra estabelecer essa mudança necessitamos observar que fazemos parte de um mundo mental, idealizado a partir de uma visão histórica, sociológica, antropológica, em que há pessoas filosóficas exercendo suas filosofia num mesmo espaço, sem se dar contas que aqui há árvores, a pássaros entoando seus cantos, com jardins, calçadas, quintais, há o sol, que adentra nossa residência, pela janela de nossos sonhos. E na casa há nossos filhos, nossos netos de rostos iluminados de sorrisos brilhantes. Há uma pintura natural, traçada pela própria natureza delineada com paisagens vivas, e no ar um som harmônico e melodioso traçado pelos ventos.

E neste espaço respiramos vidas. Rituais e vícios de ajustamentos. E neste contexto passamos a procurar uma auto - compreensão. Caminhando de verdade á verdade. Há verdades científicas, que tendem muitas vezes a mudanças e outras verdades como dogmáticas, religiosas. Vivemos como a folha de loto que cresce na água mas nunca é umedecida. Ou seja há  verdade é sempre uma inspiração provinda da alma.

E diante desta afirmação, pensamos e raciocinamos e buscamos palavras estabelecidas em nós pelas múltiplas filosofias e religiões. Os Vedas ensinaram - nos que a alma é divina porém retida nos lagos da matéria. E a perfeição será alcançada  rompidas quando esses laços se romperem e teremos assim a liberdade das cadeias da imperfeição representada pela miséria. Mas onde há a grandeza do progresso, dos grandes conglomerados capitalistas, temos uma menor liberdade, e toda a sociedade torna-se mais complexa.

Porém é na construção coletiva, que alicerçamos passos, etapas degraus e passaremos a ter como lógica a palavra e a ação construir. E devemos lutar contra a lógica pragmática dos governos e empresas que é destruir. A destruição pensando sempre no mercado. Como a empresa de petróleo que polui o mar e daí tem um projeto ecológico X ou Y, pra esconder a sua real ação nefasta. Ou a destruição como aconteceu em São José do Rio Preto - SP, onde havia uma área verde que circundava todo o Centro Cultural Professor Daud Jorge Simão. E resolve destruir pra construção de um terminal rodoviário. Porém essa discussão não teve a cidade toda opinando e mesmo se tivesse ninguém saberia o resultado pois não há uma prática de discussão coletiva dos problemas da cidade. Foi-se um tempo que construíram um foram de discussão chamada "Outra Rio preto é Possível", na época que o prefeito local sr. Edinho Araújo pensava em privatizar o tratamento de esgoto, mas foi no movimento em que consegue-se com eventos como dois out-door, chamando atenção da municipalidade, que fez o prefeito abandonar o projeto de privatização e resolve sim fazer a maior obra da administração dele, que foi a Usina de Tratamento de esgoto. Embora no primeiro momento ele ficou perdido diante da fragilidade de seus assessores, que apenas bajulava os seus confrades puxa-sacos. E por isto coube um processo sem cabimento nos representantes do Movimento Outra rio Preto é Possível". Mas que acabou sendo arquivado pela inconsistência do mesmo.

No caso específico da praça Cívica. Sem nenhum civismo ou pensamento racional o atual prefeito Sr. Valdomiro Lopes de Souza aventura-se numa obra em que destrói parte de uma área verde da cidade, numa praça que deveria ser revitalizada ocupada com bens públicos culturais, com as famílias com o respeito devido do poder público. Mas ele resolveu negar ou de maneira negativa, não respeitar o mundo mental ali  idealizado com suas árvores, com seus pássaros, suas diversidades, suas estórias e história, sua antropologia, sobre a sociologia do local e até com os monumentos, que provavelmente será retirados  num total desrespeito mesmo, no sentido estrito da palavra.

Remoer essas ações nefastas, envolvendo prefeitura e empresas contratadas pra destruir e desrespeitar memórias é matar o sonho da construção coletiva, de que um outro mundo é possível. a máxima de nossos passos precisam sempre ser a da construção e pra isto acertamos os caminhos por onde necessitamos de caminhar e subir degraus da compreensão de inúmeros conflitos internos e externos. Precisamos mesmo entender que na construção é que a alma humana pode alcançar e realizar o infinito. Como a águia nova que se atreve a voar mais alto desenvolvendo mais força até chegar ao glorioso por do sol. E iluminar-se ativamente em todos os sentidos de esperanças, pra continuar a jornada, que é dialética.


Manoel Messias Pereira



cronista, professor, e poeta
Membro da Academia de Letras do Brasil
São José do Rio Preto -SP. Brasil


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