Crônica - O que é a vida - Manoel Messias Pereira


O que é a vida?


Ontem na última aula do dia de um tarde fria  um garoto que chamarei apenas de Braga, aproximou-se de mim, quase chorando e perguntou-me "o que era a vida?" E eu de princípio confesso que fiquei surpreso, dei um simples sorriso de acolhimento a sua pergunta e comecei a responder. Diz a ele que entendia a vida valorizando quem proporcionou o meu primeiro respirar a minha mãe que com certeza me concedeu inspirada no amor. E que a vida pode ser um espaço de compartilhamento, de respeito ao outro, de respeito a toda a natureza. Do encontro pra transformações benéfica a toda uma coletividade. A vida também é um direito estabelecida na Declaração Universal dos Direitos Humanos e valorizá-la é evidente é uma tarefa importante para o desenvolvimento da Paz em nós e como luz a ser refletida em nosso próximo. E se somos luz é porque fomos concebidos por amor e em verdade. E vai sempre lembrar que sempre que uma criança nasce dizem, a fulana, deu a luz a um bebê.

O ser humano é um ser que pertence a toda a natureza isto já aprendemos desde cedo no relacionamento de nosso lar, na conversa com nossos avós. Os avós aprendi na universidade na aula de antropologia é o ser que está muito mais próximo de nossas ancestralidade em casa. Depois deles só há os parentes invisíveis que habitam nossas casas casa. Daí o respeito ao lar, e as pessoas que conosco vivem. Para nós há uma responsabilidade, que é com a nossa vida, nossa passagem de ternura sobre a arte do encontro, como o outro ser da mesma espécie, uma forma de magia.

Quando li o livro de Fenando Portugal, sobre a cultura religiosa dos afros brasileiros a uma afirmação de que a terra e tudo que existe foi criado por Olórum, a quem o pastor E. Bolaji Odowu, nigeriano que estudou essa concepção monoteísta designa como Olódumarè, que Ladipo Solankê outro erudito traduz como o onipotente e eterno. Um deus que não tem dos dois lados do Atlântico nem templo nem representação material.  Olorum cria a terra e recolhe e estabelece uma aliança com os homens  expressa no arco-íris entregando a solução dos problemas imediatos do mundo a ministros ou delegados divinos que são os Orixás. E assim os Orixás governam, à sua discrição, a vida e o destino dos seres humanos. São caprichosos, amam e odeiam, beneficiam e castigam, curam ou perseguem com doenças, fazem-se respeitar e a temer. Tem suas cores, seus animais, suas comidas, os toques e suas insígnias e seus cânticos, as suas preferências e suas antipatias. Eles tem a mesmas virtudes e os mesmos defeitos de que todos os seres humanos.

Pela antropologia, vamos estudar na mitologia africana a figura do Exu, que é o mensageiro entre Deuses ou Orixás e os homens, e toda a cerimônia pública ou privada inicia-se com pagamento dele pelo rito-baru, na qual se dá o padê. ou despacho. Assim pode-se ter a tranquilidade de qualquer cerimônia. A vida é uma cerimônia de respeito a tudo e a todos.

Em Burkina Faso há três grandes rios mas na área de Dano há apenas córregos segundo o livro de Sobunfu Somé "O Espirito da Intimidade", e que para o abastecimento  de toda a comunidade, os córregos sazonais são as fontes de agua potáveis da comunidade. E durante a seca que é logo e que inicia-se em novembro e só termina em junho ou julho, a comunidade cavam poços  e toda a aldeia ficam em volta destes poços até eles encherem. A água vem sempre na noite, e acabam durante ao meio dia. E os que não receberam água espera até a noite do outro dia. As famílias que tem crianças são as primeira a receber a água, assim como onde há mulheres grávidas. Depois os mais velho e assim há um respeito coletivo. Lá até 1980 todos acreditavam que a terra era do povo. e sendo do povo era um bem universal, como o vento, o frio, o calor. Só que depois de 1980 apareceram as pessoas que passaram a ser donas deste bem universal, surgiram o propriedades privadas. E mesmo as crianças que foram estudar nas cidades voltaram com um pensar diferente e assim o povo passou a sofre com a pressão social, e a conviver com uma coisa de maluco a pressa.

Na aldeia o ritmo era de vivenciar os momentos de comungar a terra e a natureza e não havia pressas para isto. O elemento terra é o responsável pela identidade de um povo, da sua cultura, da sua gente. O elemento água que todos esperavam paciente é o elemento paz, a concentração, a sabedoria e a reconciliação. O elemento fogo na qual se constrói a conversa o bate papo da noite, relaciona-se com o nosso sonho e a nossa conexão. Mas podemos ver como eles também viram que há mudanças e que estas ameaçam a vida. Diante disto temos que usam a magia do sorriso.

O sorriso é a beleza que estampamos no rosto, é a confiança que entregamos ao nosso próximo, a leitura de confiança que fazemos na busca de uma aproximação. E foi o acolhimento de respeito ao garoto que docemente vou chama-lo de Braga como é o teu sobrenome e  que fez a pergunta o que era a vida. Ou seja é um  espaço de esperança as novas mudanças que poderão surgir.


Manoel Messias Pereira

professor, poeta, cronista

Membro da Academia de Letras do Brasil cadeira n.23
São José do Rio Preto -SP. Brasil


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