Crônica - Minha férias escolares - Manoel Messias Pereira


Minha férias escolares


Depois do final do ano passado, onde os nossos sonhos foram massacrados por uma política difícil de compreender, como o corte de verbas de uma área essencial como o projeto educacional, tivemos problemas em algumas escolas de manutenção, não houve aumento salarial, aconteceu greves, cortes de salários, houve a tentativa de alunos tomar a escolas que o governo desejava fechar. Todos saíram de férias, algumas escolas continuaram ocupadas. Houve desocupação e junto a violência dos agentes de segurança contra alunos, funcionários e professores. Portanto foi um ano duro de aturar.

Resolvi olhar os mapas cartográficos e encontrar neles alguns lugares pra descansar carregar as baterias e voltar não apenas para a rotina mas com sede de reencontrar alunos e colegas e fazer uma ano diferente do 2015 de horrores.

Viajei com a família pra ver o o mar. Deixei a água salgada tocar o meu rosto, como as benças de Yemanja.  E foi como se estivesse vendo a miragem de IYÁ  SAGBA, ou seja a mãe que passeia sobre as ondas , e com isto revendo todo o mito africano da orixá das águas, ou como dizem em Angola  IYÁ SESU, IYA MASEMALE. Deixei o sol se por por trás das montanhas como uma miragem, com a ternura de uma pintura traçada pela própria natureza.

Observei que a beleza deste país, está nas águas, na areia, nas belezas das mulheres que enfeitavam a praia como se fosse flores brotando nos jardins. O vento trouxe canções provindos dos mares, provindo das trilhas das ilhas.

Fiquei maravilhado com a flora e a fauna do lugar. Pensei que todos os trabalhadores poderiam ter a oportunidade de aproveitar mais os bens de um descanso qualificado, seja no campo ou no mar. E que a vida não pode ser só a de manter-se como robô, operando-se nas estruturas comerciais, industriais e rurais para que pessoas de uma outra classe como os chamados patrões possam efetivamente ter maiores subsídios, riquezas outras. Estabelecer quem nos governa e determinar leis, descontos punições. e um serviço social de qualidades duvidosas, como na saúde, educação, cultura.

A ideia estabelecida desta chamada oportunidade para a classe trabalhadora é quase nula neste selvagem capitalismo. Pois os salários pagos em relação aos salários do mundo. E os salários frentes as diárias de hotéis, assim como os transportes, os deslocamentos com as famílias e o próprio consumo de um degustes nos restaurantes é uma piada. Ou seja somos de fatos miseráveis, que contenta -se com a plena desgraça estabelecida. E o que observei nas Ilhas de Angra foi um conjunto de turistas estrangeiros, provindos de várias partes do planeta, como ingleses, argentinos, italiano, franceses, estadunidenses e uma minoria de brasileiros em relação aos seres humanos em férias naquele lugar.

Já quando eu critico a saúde, ou pediria para todos fazer um turismo nos hospitais nos corredores e ficarem estarrecidos com o atendimento desrespeitoso em uma parte desta população. E não me venha falar que é uma questão de gestores. Pois sabemos de hospitais que recebem o público do SUS, mas falta remédios, falta estruturas e sobram muitas vezes até aparelhos quebrados e postos de atendimentos com falta de profissionais. O que recentemente levou o Governo Federal a recorrer a um programa intitulado "Mais Médico". Em relação a educação é quase um "Deus nos acuda", é situação deplorável. Em termos culturais esse ano vi cortes drásticos e a prédio quase querendo cair, ou seja falta de cuidados imensos. Exemplo a casa de Cultura de Mirassol e de São José do Rio Preto-SP, conforme reportagem do jornal Diário da Região, do dia 11 de fevereiro de 2016.

Mas é sonhando com dias melhores. Preparando a volta como um resistente, que sabe aonde dói a dor do viver, e instrumenta-se para fazer a crítica e a auto-critica esperando que a nossa ação possa ser benéfica a dias melhores.

É como uma noite que apaga-se as estrelas mas permite o sol trazer a luz, trazer o calor e a leitura de que precisamos ideologicamente e na práxis de uma vida politica mais e mais ativa em benefício de uma coletividade, mesmo fora dos marcos da oficialidade.

E por essas formas de vida e de pensar é que acredito que tive uma feria escolar de belas reflexões. E agora vamos na racionalidade enfrentar todos os dragões da maldades. Seja provindo de todos os lados desta sociedade consumista decadente do ponto de vista social e doente com com preconceitos, racismo, xenofobismos, transfobia, homofobia, e outros defeitos discriminatórios inerente ao sistema capitalista.




Manoel Messias Pereira

poeta, cronista
Membro da Academia de Letras do Brasil
São José do Rio Preto -SP. Brasil



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