Crônica - Emancipação Intelectual - Manoel Messias Pereira
Emancipação Intelectual
O conhecimento é aquilo que nos faz tornar autoridade em nós mesmo.
Alimentar um processo de conhecer, significa buscar instrumentalizar-se,
na percepção na compreensão e na noção empírica (vivenciando a
realidade) e científica(experimentando na forma laboratorial), a
realidade. E para tal buscarmos o esforço do estudo.
Temos de manter um olhar atento sobre todos os eventos, um sentimento
apurado, sobre todas as inércias e movimentos, com um espírito e um
cérebro intensamente ativo. Primeiramente estudando a si próprio,
interpretando e comparando. Acumulando conhecimentos e aproximando-se a
cada momento do ato de aprender de forma inconsciente e consciente.
Descobrindo caminhos.
E assim chegamos a ter em nosso mundo o respirar educacional, que começa
de maneira empírica. Enquanto aprendemos nos bancos escolares de
princípio a educação funcionalista durkheimiana na qual Émile Durkheim
afirmou que "A educação tem por objetivo suscitar e desenvolver a
criança no seu estado físico, moral e que estas normas são requeridas
pela sociedade" e que cada meio social particular determina o ideal que a
educação realiza. E mais tarde outro autor muito conhecido como Max
Weber, que vem com um conjunto de ideias que muito nos ajudam a
compreender o processo, nas mais diversas esferas do conhecimentos como a
política, a moral, a ciência, a economia, no erotismo enfim numa
construção envolvendo toda a sociedade. Este autor considerava o tempo
para o desencantamento, pela racionalização do mundo cabendo ao ser
humano não apenas ouvir a sua voz mas também a sua consciência. E para
tal não há o status de supremo de sublime que orientam as condutas mas a
liberdade e como dizia ele a integridade intelectual deve ser a única
virtude que os docentes deveriam incultar. E que os professores não
podem ter a pretensão ou não devem querer ser o reformador do mundo.
Em Karl Marx encontramos que o trabalho, a instrução intelectual, o
exercício físico, o treino poli - técnico elevará a classe operária e
que todo seu pensar encontra-se na luta de classe. e a ideia de uma
constante mudança a partir do processo dialético, na superação dos
oprimidos sobre a classe opressora o que permitiria surgir assim uma
nova sociedade. E a educação portanto tem a tarefa de combater, a
alienação e a desumanização sendo essa a função social que ela
desenvolve no processo.
O filósofo Jean Jacques Rousseau, afirmava que o processo pedagógico
subordinava a própria natureza e que a própria evolução das crianças se
daria conta disto. Enquanto que Antônio Gramsci afirmou que a educação é
uma luta contra os instintos ligadas a função biológica elementares em
uma luta contra a natureza para os domínios que cria o homem atual à sua
época. E é neste sentido que vimos Gramsci afirmar que a escola não
pode apenas desejar que o estudante torne-se um operário manual, mas sim
torne-se qualificado e que cada cidadão possa se tornar governante. E
afirma ainda de que todos os seres humanos são intelectuais, mas nem
todos desempenham na sociedade a função de intelectuais. E fala da
hegemonia de uma classe em relação a toda a sociedade e o domínio desta
classe que se dá pela força e consenso. A força exercida pelas
instituições políticas e jurídicas e pelo controle do aparato político
militar. e para ele no processo da educação, toda a relação hegemônica é
um aprendizado pedagógico. E o terreno desta luta de hegemonia é a
sociedade civil que compreende as instituições de legitimações do poder
de Estado, usando a igreja, a escola e a família. e se recordarmos as
mesmas instituições estabelecidas por Émile Durkheim. Somente é que
Gramsci acrescenta, outras instituições como o sindicato e os meio de
comunicações. E também Gramsci chama-nos atenção para o Ministro do
fascismo italiano Giovanni Gentile, que em sua política educacional
estabelece uma educação para alunos da alta classe de forma clássica e
tradicional. E para a classe trabalhadora uma educação voltada pra ser
operador, portanto profissionalizante, além de uma política de estado. O
que Marx em seu pensar é totalmente contra e reafirma sim numa escola
para o trabalho mas não pra ser operador. Talvez pensando como Marx que
afirmava, a "Educação precisa ser intelectual, física e técnica.", em
outras palavras a educação é pra emancipar o cidadão, cultural, técnica,
educacionalmente.
E assim ainda vamos observar que o professor Dermeval Saviani, diz que a
escola deve possibilitar o acesso aos conhecimentos previamente
produzidos e sistematizados. Mas ele ainda explica que o problema disto é
a forma mecânica como é feita essa transmissão. E orienta-nos que é
preciso critérios para discernir entre o conhecimento que é preciso
transmitir e aquele que não precisa. E que isto abre espaço para a
sobrecarga no currículo e cuja a relevância não é alcançada pelo
professor. E que os impedem de mostrar aos alunos que é preciso
empenhar-se no seu aprendizado.
E desta maneira podemos afirmar que é imprescindível, ter conhecimentos.
e para tal é preciso mesmo buscar em todos os sentidos, o aprendizado.
E com um adendo não há nenhum cientista que esquece a formula ou a sua
experiência apresentada, elucidadas e se dá bem. Dizendo isto eu não
sei. Pois se não sabe não aprendeu. E se sabe elaborou um processo de
estudos, de dedicação, de leituras, para a construção de seu
aprendizados, quando não de persistência científica e experimental. O
conhecimento portanto é um aprendizado que pode nascer de uma intuição,
passar pelo aprendizado da vivência, mas tem métodos, objetos de
estudos, e objetivos e isto significa estruturar-se pra aprender, e como
diria Saviani é a escola que vai propiciar esse conhecimento. Negar-se a
estruturar-se como aluno de receber as informações. É se tornar um mau
aluno. É continuar num Estado, que tens formas fascista de atuar, pois
aqui também a redes diferentes atuando num mesmo espaço geográfico,
porém há uma política de estado disfarçada pois quem patrocinam o
governante é a iniciativa privada. E o serviço deste governante é ter
uma educação muito parecida com aquele de apenas criar o operador, o
trabalhador ignorante intelectual. Mas não podemos abrir mão de que a
educação deva sim ser uma ação de emancipação cultural, educacional e
intelectual, obviamente.
Manoel Messias Pereira
cronista
Membro da Academia de Letras do Brasil -ALB
São José do Rio Preto - SP. Brasil
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