ONU colocar o gverno Bashar al Assad e a Oposição síria frente a frente
ONU coloca o Governo de Bashar al-Assad e a oposição síria frente a frente
Os rebeldes comparecem divididos à negociação de paz com o regime em Genebra
Genebra
O mediador das Nações Unidas para a Síria,
Staffan de Mistura, colocou frente a frente na quinta-feira
representantes do Governo e da oposição depois de quase seis anos de guerra civil.
Pela primeira vez desde as reuniões em Genebra de 2014, que fracassaram
por causa da ruptura do cessar-fogo, os principais integrantes dos
grupos rebeldes e membros do regime se reuniram frente a frente fora do
campo de batalha. Sob o grande escudo da ONU que domina a grande sala do
Conselho do Palácio das Nações na cidade suíça, começou assim a quarta
rodada de negociações de paz para a Síria com um gesto simbólico de
aproximação com poucos precedentes. Embora o próprio de Mistura tenha
reconhecido que não aconteceria “um milagre” imediatamente, apelou às
partes a cumprir sua “responsabilidade histórica para pôr fim ao
sofrimento do povo sírio”. Diplomatas do chamado Grupo de Apoio à Síria
–formado pelos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança, os
países da região que apoiam os respectivos contendores e outros Estados–
que promove desde outubro de 2015 uma solução política para o conflito
armado no país árabe, participaram da reunião para referendar o apoio da
comunidade internacional à iniciativa de paz para a Síria.
Diante
de uma delegação do Governo fortalecida pelas vitórias militares, a
oposição compareceu fragmentada nesta quinta-feira às negociações
patrocinadas pela ONU em Genebra para tentar acabar com quase seis anos
de guerra na Síria. A representação do regime continua a ser liderada
pelo embaixador sírio na ONU, o implacável diplomata alauíta Bashar
Jaafari, enquanto que à frente da principal plataforma rebelde, o Alto
Comitê de Negociações (HNC, na sigla em inglês), estava pela primeira
vez o cardiologista sunita Nasser al-Hariri, substituindo o líder
islamita Mohamed Alush. Dois outros grupos menores da oposição –os
chamados grupos de Moscou e do Cairo– também compareceram ao Palácio das
Nações da cidade suíça para tentar fazer ouvir suas vozes. Destas
negociações não participam membros da guerrilha e dos partidos curdos
sírios que controlam três quartos da fronteira com a Turquia.
Enquanto o diálogo tenta abrir caminho em Genebra, as
hostilidades se intensificaram nas últimas horas na Síria, apesar do
apelo da Rússia para interromper os bombardeios do regime. Forças rebeldes sírias apoiadas pela Turquia afirmaram nesta quinta que haviam tomado a cidade de Al Bab, o último bastião do Estado Islâmico
perto da fronteira turca. As milícias do Estado islâmico e as forças
jihadistas filiadas à Al-Qaeda estão excluídas do cessar-fogo em vigor
desde 30 de janeiro.
O equilíbrio militar nas frentes de combate mudou desde o fracasso das negociações anteriores, em abril de 2016. A aliança opositora do HNC regrediu desde então –com o revés significativo da perda do leste de Alepo– e passou de ocupar 20% do território a apenas 13% atualmente. As forças leais ao presidente Bashar al-Assad controlam 33% do país, principalmente as grandes cidades e a região costeira, onde vivem dois terços da população que permanece na Síria depois do início da guerra. As milícias curdas das Unidades de Proteção Popular (YPG, na sigla em curdo), entretanto, controlam 20% do território no norte e no leste, enquanto o Estado Islâmico impõe seu domínio sobre o terço restante da Síria.
Os membros do Alto Comitê de Negociações, no entanto, também estão fragmentados no norte do país entre o chamado Exército Livre da Síria, de orientação nacionalista, e os salafistas (sunitas radicais) do Ahrar Al Sham. Outras forças islamistas exercem sua hegemonia nos focos rebeldes da região da província de Damasco, enquanto na fronteira com a Jordânia são majoritárias as forças da Frente do Sul, de corte nacionalista. O HNC propôs pela primeira vez que as negociações fossem feitas de forma direta entre as partes, sem esperar que o mediador da ONU tenha de levar as mensagens de uma sala para outra do Palácio das Nações de Genebra.
O papel que deve ser reservado ao presidente Assad durante a transição política continua a ser o principal obstáculo às negociações. A delegação do regime insiste que sua presença é irrenunciável enquanto a oposição está dividida entre aqueles que exigem seu afastamento do poder antes da formação de um Governo de unidade nacional –que terá o objetivo de aprovar uma nova constituição e organizar eleições livres na Síria depois da consolidação da paz– e os que aceitam sua presença, ao menos durante a primeira parte do processo de solução pactuada para o conflito sírio.
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O equilíbrio militar nas frentes de combate mudou desde o fracasso das negociações anteriores, em abril de 2016. A aliança opositora do HNC regrediu desde então –com o revés significativo da perda do leste de Alepo– e passou de ocupar 20% do território a apenas 13% atualmente. As forças leais ao presidente Bashar al-Assad controlam 33% do país, principalmente as grandes cidades e a região costeira, onde vivem dois terços da população que permanece na Síria depois do início da guerra. As milícias curdas das Unidades de Proteção Popular (YPG, na sigla em curdo), entretanto, controlam 20% do território no norte e no leste, enquanto o Estado Islâmico impõe seu domínio sobre o terço restante da Síria.
Os membros do Alto Comitê de Negociações, no entanto, também estão fragmentados no norte do país entre o chamado Exército Livre da Síria, de orientação nacionalista, e os salafistas (sunitas radicais) do Ahrar Al Sham. Outras forças islamistas exercem sua hegemonia nos focos rebeldes da região da província de Damasco, enquanto na fronteira com a Jordânia são majoritárias as forças da Frente do Sul, de corte nacionalista. O HNC propôs pela primeira vez que as negociações fossem feitas de forma direta entre as partes, sem esperar que o mediador da ONU tenha de levar as mensagens de uma sala para outra do Palácio das Nações de Genebra.
O papel que deve ser reservado ao presidente Assad durante a transição política continua a ser o principal obstáculo às negociações. A delegação do regime insiste que sua presença é irrenunciável enquanto a oposição está dividida entre aqueles que exigem seu afastamento do poder antes da formação de um Governo de unidade nacional –que terá o objetivo de aprovar uma nova constituição e organizar eleições livres na Síria depois da consolidação da paz– e os que aceitam sua presença, ao menos durante a primeira parte do processo de solução pactuada para o conflito sírio.
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