Carta de Edmilson Costa à militância comunista
Carta de Edmilson Costa à militância comunista
Camaradas
O Comitê Central do Partido Comunista Brasileiro (PCB), em sua última reunião, nos dias 8 e 9 de outubro, aceitou a carta de afastamento da secretaria geral do camarada Ivan Pinheiro e me indicou, por unanimidade, o novo secretário-geral para substituir o nosso querido Ivan. Foi um processo tranquilo, sem traumas ou divergências, costurado com habilidade, uma vez que o camarada Ivan, pelos motivos expostos em sua carta, vinha encontrando dificuldade para cumprir plenamente as tarefas da secretaria geral. Mas acima de tudo estamos realizando uma transição tranquila, pois o Comitê Central também elegeu um Secretariado Político, coordenado pelo Secretário-geral e composto pelos camaradas Ivan Pinheiro, Eduardo Serra, Ricardo Costa Rico e Edilson Neves, que vai transformar esse processo de transição um exemplo para os comunistas de todo o mundo.
Também temos absoluta certeza de que o nosso Partido está maduro para enfrentar os desafios dessa nova fase que estamos vivendo. Vale recordar que o nosso processo de reorganização revolucionária é amplamente vitorioso, apesar das imensas dificuldades e sacrifícios que enfrentamos ao longo dessa jornada. Tivemos uma primeira fase de sobrevivência e resistência, quando nosso objetivo era apenas manter viva a nossa organização diante da conjuntura adversa nacional e internacionalmente após a desagregação da União Soviética. Iniciamos uma segundo fase com a reconstrução leninista de nosso partido, o estudo aprofundado da realidade brasileira e mundial e, dessa forma, conseguimos elaborar uma formulação teórica e uma linha política contemporânea que nos orienta até hoje. E agora estamos entrando numa terceira fase, com um partido organizado do Acre ao Rio Grande dos Sul, o resgate de nossas tradições revolucionárias e grande autoridade política junto às forças de esquerda.
A nossa terceira fase agora é de consolidação e crescimento do Partido, tanto no proletariado quanto na juventude e entre o povo pobre dos bairros. Todas as nossas energias devem ser postas visando a esse objetivo, pois quanto maior e mais enraizado estivermos nesses setores, melhores serão as condições para a unidade da esquerda socialista e do movimento popular e as transformações sociais em nosso País. Feita a lição de casa, após a construção dos alicerces básicos de nossa organização, agora é hora de falarmos mais para fora, para o proletariado, a juventude, dialogarmos com amplos setores da sociedade, aperfeiçoarmos nosso sistema de organização, de comunicação, nosso processo de agitação e propaganda e trazermos para nossas fileiras os melhores combatentes das lutas sociais e políticas em nosso País. Em outras palavras: precisamos aperfeiçoar a tarefa posta pela resolução do XV congresso que é fazer o Partido crescer com qualidade e recrutar com ousadia.
Portanto, assumo dessa forma a secretaria geral do PCB com um misto de humildade, orgulho e responsabilidade porque sei os imensos desafios desta tarefa especial que me foi definida pelo Comitê Central, especialmente se levarmos em conta a adversidade da conjuntura nacional e internacional e a ofensiva da retrógrada burguesia brasileira contra os direitos, garantias e as liberdades públicas dos trabalhadores, da juventude e do povo pobre dos bairros. Mas assumo com um caminho já aberto, através do qual trilharemos na senda da luta de classe, sempre coerente com os princípios que nortearam a nossa resistência à liquidação do PCB em 1992 e com tudo que conseguimos heroicamente construir nesses 24 anos de reorganização revolucionária.
Queremos também neste momento reverenciar todos os camaradas de nosso Partido que caíram na luta pelo socialismo no Brasil, especialmente àqueles que foram trucidados na tortura do DOI-CODI no período da ditadura, mas mantiveram com honra a defesa de nossa organização revolucionária. Todas as gerações que se incorporam e se incorporarão à luta pelo socialismo saberão honrar a memória desses heróis de nosso povo. Com esse patrimônio e a contribuição dos camaradas das direções do Partido nos vários níveis e, especialmente, com a garra de nossa militância guerreira buscaremos estar à altura dos desafios que a luta de classes no Brasil impõe aos revolucionários, buscando também honrar a história de nosso Partido e a memória de todos os camaradas que deram o melhor de suas vidas na luta pelo socialismo.
Vivemos tempos difíceis, com uma grave crise econômica, social e política no Brasil, em meio a uma crise sistêmica global que vem castigando o capitalismo há mais de 10 anos, com uma burguesia nacional e internacional desesperada diante da impossibilidade até agora de restabelecer a estabilidade do sistema. Mas trabalhar em tempos difíceis sempre foi a marca dos comunistas. Estamos na luta desde Marx e Engels exatamente para resolver problemas difíceis. Se a vida fosse fácil para nós, já tínhamos feito a revolução há muito tempo. Por isso, a crise não nos deve intimidar, afinal é fundamental lembrar que as crises abrem janelas de oportunidades para as duas classes fundamentais em luta, a burguesia e o proletariado, ressaltando-se que todas as grandes mudanças na história da humanidade ocorreram exatamente em meio às grandes crises.
Nesse novo período que se abre com a crise brasileira e mundial precisamos preparar o Partido para as novas e difíceis tarefas que a conjuntura vai nos colocar. Nesse sentido, a nova secretaria-geral do PCB, dando continuidade ao processo vitorioso que vinha se desenvolvendo, não medirá esforços para trabalhar duro no sentido de que o nosso partido dê um salto de qualidade orgânica e politicamente, de forma a podermos cumprir o nosso papel no processo da revolução brasileira. Quem não ousa não vence. Ousar lutar, ousar vencer. Conto com o apoio de todos os camaradas nessa jornada.
Edmilson Costa
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