Crônica - Falas afro-descendentes - Manoel Messias Pereira
Falas afro-descendentes
Nós brasileiros, afros descendentes, muitas vezes somos incapacitados em saber de que parte do continente africano viemos. E isto em razão de que os colonizadores separavam todos e vendiam seres humanos como mercadorias.
E assim apenas estabelecemos nossos limites com as nações colonizadas por portugueses. Mas também de forma superficiais, pois ainda continuamos presos ideologicamente por uma estrutura econômica, que com salários irrisórios como se fosse esmola não saímos daqui pra lugar nenhum a não ser de forma profissional como artista, jogador de futebol ou alguns poucos que conseguem ser empresários ou detentores de cargos de confianças governamentais. Numa porcentagem infinitamente pequena, para um território de mais de 200 milhões de habitantes.
Mas seria fundamental uma viagem linguística pela variante da língua portuguesa, destes afros descendentes, que os negros brasileiros pudesse intercambiar com cidades como Luanda, Caxito, Benguela, Namibe pra lembrar alguns municípios de Angola, ou de Maputo, Nacola, Lichinga em Moçambique ou até Bissorã, Gabu, Catió lembrando da Guiné, ou seja um roteiro para os afros brasileiros intermediar a construção desta língua com outros povos como os africanos. e como cada um trata-a, com suas vaiantes regionais.
Sabemos que em Portugal, a maioria diz mas não oficialmente, que a língua portuguesa e falada mesmo somente em naquele País, e que o português fora é apenas uma língua em dialeto dos colonizados. Embora sabemos que a "ultima flor do Lácio, inculta e bela", não fez parte da alta roda de Virgílio, muito pelo contrário. mas essa discussão não é stricto-senso.
O importante é mostrar ao mundo que a latinidade na América e em específico no Brasil, ficou encantada, com a ternura da fala portuguesa quase cantada, graças as línguas dos indígenas, que falam inspirados nos cantos dos pássaros, e de forma encantadora, na leitura cotidiana, da beleza da flora e da fauna brasileira. E a beleza desta língua ainda ganhou o ritmo africano, dos afros descendentes que por aqui chegaram, e vieram forçados e acabaram se tornando seres escravizados no Brasil. Graças a ação dos portugueses, que viviam num crescente capitalismo monárquico absolutista, e que usaram de violências, sangue, e suores de indígenas e afros brasileiros.
Escrever uma crônica de nossas vidas no Brasil traçando um olhar antropológico sobre a nossa historiografia e ampliando para a sociologia politico administrativa é quase soluçar e morrer com as cicatrizes de um período que ainda dói. Um período de açoites de chibatadas, depois de leis só pra inglês ver. Pois fizeram leis que realmente eram inoperantes, mas como o Estado Português, assinou a Convenção Secreta com a Inglaterra, após a França assinar o tratado de Fontainebleau com a Espanha, o que permitiu Napoleão dominar a Espanha, tendo assim os ingleses a missão de proteger a família real portuguesa que fugiu para a colônia brasileira. E quando a Inglaterra exigia que Portugal acabasse com o processo escravocrata, eles tentavam fazer essas leis, que podiam apresentar, enrolando a Inglaterra. E assim mesmo quando temos a chamada Lei Áurea, em seguida temos no estado de São Paulo uma resolução que proibiam os libertos de trabalhar, outras resoluções proibiam de morar, proibiam de falar alto em público, de rezar enfim de viver. Ou seja estes ex-escravizados passaram a sofrer e ainda sofre todos os tipos de preconceitos raciais, são discriminados e essa doença social é racismo. Mas de forma irônica por aqui chamam sem nenhuma vergonha de "Racismo Cordial".
Enquanto que todos os outros imigrantes e tem suas cidadanias reconhecidas nos seus países de origem.os negros ou afros descendentes não. Observamos que não temos um escritório da Unidade Africana, UA para reivindicar como desejava o griot Aristides dos Santos, um líder da Comunidade negra de São José do Rio Preto -SP., que pensava numa identificação internacional para os descendentes do continente africano. Outro ponto importante é que as noticias provindas da comunidade dos Países de Língua Portuguesa, pouco e quase nada é retratada pela imprensa no Brasil, e portanto há um hiato em relação a essa comunidade e nós brasileiros.
E exatamente por isto o sonho das palavras, que habitam em nós, no nosso linguajar, que exportamos em versos e prosas em cantos sejam eles profanos ou religiosos. simplesmente temos uma forma de falar expressar, que é lindo e a beleza precisa ser compartilhada, na esperança de encantamentos. E respeito internacional simplesmente.
Manoel Messias Pereira
cronista
Membro da Academia de Letras do Brasil - ALB
Membro da Associação Rio-pretense de Escritores - ARPE
São José do Rio Preto -SP. Brasil
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