Crônica - A Felicidade dura menos do que uma noite - Manoel Messias Pereira

A felicidade dura menos do que uma noite
A vida não é apenas uma noite de ilusão. Não é um show da televisão, É sim uma construção concreta. Há dias que choramos outros sorrimos. Choramos diante das agonias, de identidade, de reconhecimento, do mal-trato social, das discriminações, dos preconceitos, do racismo, do sexismo, da homofobia, da trans-fobia, da xenofobia, das pedradas cotidianas que levamos por parte de uma sociedade que ainda não conseguem enxergar a pluralidade social, que não tem como ver que vivemos num país da diversidade cultural. E essas são agonias que permitem-nos chorar muitas vezes na solidão de um lar, de uma rua deserta, num canto da praça. Na depressão cotidiana da sociedade.

Mas aprendemos a sorrir com um sorvete, com a ilusão de um amor, com um beijo roubado, ganhado ou dado, com uma rápida relação de sexo casual, enfim são lembranças que duram muito pouco mas que ficam em nosso inconsciente, como se a ternura da vida fosse eterna.

Mas a violência da vida, ainda parte do dedicar, quase a totalidade de nossa vida, de pobreza, para trabalhar pra deixar certas personalidades mais ricas e poderosas e nós ficarmos cada dia mais pobres e doentes em nossa plenitude da existência. Esses ricos tem como oferecer treinamentos como se fossemos cães amestrados ou ratos de laboratórios, e utilizam propagandas, marketings, jogos de sedução, pra dizer que somos parceiros de suas industrias e comércios. Enquanto que sabemos apenas que somos por eles explorados, pois a há obviamente uma luta de classe bem determinada. E até as demarcações territoriais e geográficas da cidade são diferentes. E até o plano diretor dos lugares são administrados com particularidades específicas.

Os patrões vivem de lucros e os  trabalhadores vivem dos seus minguados salários. E é com muitos esforços que juntam juntam todas as economias, visando uma melhoria de situação. Mas o comércio está de olho nos valores de seus suores e criam datas como dos pais, dos namorados, das mães, do Natal, das crianças e lá se esvai todas as economias.

Destas datas a mais triste é o Natal, cria-se a ilusão do presente, cria-se a expectativa de lembrar Jesus Cristo em seu nascimento, cria-se o comercio do faturamento alto. As lojas ornamentam suas vitrines, as ruas são todas enfeitadas e iluminadas. As crianças choram sem saber se os pais tem ou não dinheiros. São formas de ilusões e emoções rápidas. Os pais sentem-se diante da cruz de Cristo e da espada do comércio. E esvai-se assim toda a economia, e brotam no olhar de pais e mães uma tristeza, As vezes iludidamente recompensada com o sorriso da criança.

Assim descobrimos que a vida é de plena dureza. A felicidade não dura nem uma noite, e fica como lembranças de um dia ou de outro eternamente. Enquanto isto permanece, a pobreza, o sexismo, o homo-fobismo, o racismo e tudo mais, que nos ensinam a chorar na depressão cotidiana desta sociedade.

Manoel Messias Pereira

poeta e cronista
São José do Rio Preto-SP.






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