Crônica - O cafezinho e uma boa conversa - Manoel Messias Pereira







O cafezinho e uma boa conversa

Amigo é coisa que devemos trazer do lado esquerdo do peito, e foi isto exatamente que cantou Milton Nascimento, numa canção que ilustrou bem a minha vida social e política. E para os amigos vale sentar tomar um café ou quem sabe um chá, e trazer a tona os nossos sentimentos de uma convivência de paz. E quem sabe boas lembranças e uma conversa amiga.

Era ainda criança e no pátio da escola, uma comemoração levou-me juntamente com o amigo José Augusto Hidalgo  plantarmos uma árvore, e fomos aplaudidos e agraciados com os sorrisos dos amigos e dos professores. E todos os dias levantávamos mais cedo para aguar e cuidar de nossa árvore. E assim começávamos a entender que a vida é um pouco disto temos sempre que dispor de uma semente e se possível possibilitar plantar um sonho. A árvore naquele momento significava exatamente isto.

Naquela escola que existe até hoje na avenida da Saudade em São José do Rio Preto, no bairro da vila Ercília, cujo o nome da unidade escolar é Escola Dr. Cenobelino de Barro Serra, antes era uma unidade do Estado da Educação mas hoje pertence a rede de educação municipal, é que estudávamos, e passamos a compreender alguns sentidos da vida. Eu entrei na escola em 1963, e lá permaneci até 1967, indo estudar em 1968 no curso de admissão no SESI, que funcionava no terreno do Circulo Operário Rio-pretano. E voltei após o exame de admissão no primeiro ginasial em 1969, tendo aprovado em 19.lugar, nas vagas que se seguiu. O interessante era que naquela classe tínhamos numa mesma sala 52 alunos.

Independente do dia que tinha que aguar a árvore plantada em 1966 quando estudávamos na classe de dona Márcia Mendonça. Apontava todos os dias bem mais cedo, e muitas vezes ia para escola até sem blusa e nesta época a cidade de São José do Rio Preto apresentava uma temperatura que chegava numa média de 27 graus e nos dia frios até 10 graus. Mas no pátio havia uma funcionária da unidade chamada dona Durvalina, que um dia trouxe -me uma blusa de cor azul, de lã. A quem agradeci imensamente . Mas seguida uma professora que lamento mas não lembro o nome, veio e trouxe-me uma blusa de crochê. Foi importante pois vi a oportunidade de agasalhar a minha irmã que também era criança e que não tinha blusa. Aprendi com estes gestos dos adultos que na vida temos que sempre ser solidário ao próximo. Que precisamos aquecer os sentimentos e se possível lutar por uma vida melhor, por um sonho de uma outra sociedade.

E quando penso nesta tal sociedade melhor lembro-me de Jacob Bazarian, um escritor francês comunista, que deixou escrito um conjunto de livros como "Intuição Heurística", o "Problema da Verdade", são obras que confesso que não li, mas recordo de uma entrevista em que ele disse, quase numa indagação, quem não sonha com uma sociedade ideal, perfeita? E ele mesmo responde pobres, ricos, pretos, brancos, homens mulheres, crianças e adultos, primitivos e civilizados e concluem todos sonham desde a antiguidade até aos nossos dias. E afirma talvez não seria possível construir uma sociedade sem falhas, sem problemas, sem contradições, perfeitas em todos os sentidos. Mas numa reflexão profunda precisamos de uma sociedade melhor do que a que apresenta-nos hoje, muito mais democrática, justa, humanamente melhor.

E neste contexto olhamos o que fizeram os projetos de revoluções par o mundo, entendo que a revolução Francesa, que destruiu o regime feudal, que pois ao chão o regime absolutista e clerical e implantou implantou o regime de produção na França, seguindo os passos da Inglaterra, que muito antes da França já possuía um processo de revolução burguesa, industrial e monopolista e não podemos negar que esses processos capitalistas trouxeram progressos a humanidade, porém trouxe também trouxe prejuízo da igualdade  entre os seres humanos, tanto do ponto de vista econômico, como social e político, criando dois polos dois  extremos o da minoria rica com muitas liberdades e direitos e de outra a grande maioria de pobres e com poucas liberdades e direitos. 

Já a revolução russa que faz 100 anos, neste 2017 podemos afirmar  que conseguiu destruir as relações capitalistas de produção, substituir pela implantação das relações socialistas de produção, substituindo a propriedade privada dos meios de produção  pela propriedade estatal e coletiva. A revolução socialista implantou uma maior igualdade na distribuição de renda, declararam a igualdade política e social de todas as camadas da sociedade, liquidaram a miséria e o analfabetismo, aproximaram a cidade do campo, o trabalho intelectual do trabalho manual. E assim a experiencia soviética podemos crer desvelou que no capitalismo há uma serie deficiência do poto de vista social. E por fim também apresentou suas falhas, como explica Bazariam, afinal vivemos numa sociedade humana e que erros e correções faz parte de nosso espaço no mundo.

O importante é entender que  a vida é assim, um processo de definição para a aplicação dos princípios democráticos na forma de um poder popular e relacionar entre camaradas mas sempre entendendo que a liberdade ainda é uma ponta de expressão perdida num vazio imenso de nossa contemporaneidade, pois liberdade é sempre liberdade, não apenas de crítica, senão ela tem um caráter  apenas burguês. Precismos sim é ser livre para o nosso nível de consciência alicerçado numa pedagogia uniforme e de forma cuidadosa, possamos juntos entender a coletividade e as suas necessidades. A conversa sempre é uma boa oportunidade para juntar os amigos e abrir os diálogos. Pois amigo é coisa pra se guardar do lado esquerdo do peito, por isto vamos tomar um café um chá se lá, e possibilitar uma conversa aberta. 

E hoje tive a felicidade de falar um pouco do amigo e vovô coruja José augusto Hidalgo, que hoje mora lá em Uchôa  é a conversa sempre pode ser recheada de lembranças, e indagações da vida e se desejas sentaremos um ouro dia pra continuar o bom papo.


Manoel Messias Pereira

poeta, cronista e professor
Membro da Academia de Letras do Brasil - ALB
São José do Rio Preto -SP. Brasil






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