Crônica - Crítica Educacional - Manoel Messias Pereira




Crítica Educacional

Hoje em dia falar em pluralidade, em multiculturalismo no ensino está em voga. E na elaboração dos PCNs Parâmetros Curriculares Nacionais, foi norteada por essa discussão, que apresentou uma vertente ideológica, que a princípio deveria distanciar da cultura greco-romana e judaica, que aliás, dá o rumo eurocêntrico curricular brasileiro. Porém isto na prática esta a milhas de distância da teoria, exatamente porque a mudança não vai acontecer a toque de caixa ou de mágica.

Para falar em mudança, no singular é melhor dizer no plural, ou sejas mudanças, que poderiam ser estabelecidas, a curto, a médio e a longo prazo.Levando-se em conta as estruturas ideológicas, que norteiam as políticas publicas, no contexto administrativo, econômico, científico e até mesmo religioso. Essas estruturas, hoje está fazendo parte da vida do ser humano e muitas destas idéias, estão como uma bengala, apoiando ações e decisões comportamentais.De tal modo que tratam, a política, a economia, a religião, a ciência como se tudo fossem dogmas e não discutem isto como uma superestrutura de dominação, em que aquele que detém certos poderes, oportunamente conseguem-se manter num statu-quos.

Dizer que todos são iguais é um absurdo liberal, bom para levar o ser a um condicionamento de não contestar essa afirmação, mas na verdade, devemos questionar se somos mesmos iguais, pois aparentemente penso que somos diferentes.Tanto na composição física, na questão psicológica, na estrutura ideológica, nos valores religiosos, na busca econômica da vida, enfim, não somos iguais.

Dizer que a educação tem pautado pela falta de respeito as diferenças existentes, é obvio que sim bastava não ser. Afinal somos dominados por uma estrutura de estado, que trabalhou muito pra anular essas diferenças que deveriam ser ressaltadas e introduziram outras diferenças perversas como o positivismo, o fascismo, as violências físicas e verbais, como no processo de escravidão, introjetando tudo como verdades.

 Sendo tudo uma grande mentira, um equívoco. E eu pergunto-me, será que quem educa por acaso é um "ser" de outro planeta, não estão contaminados por essas mentiras, politicas, religiosas, econômicas, científicas, filosóficas, criadas para manter um poder e uma sociedade de poderes ? É obvio que estão como cúmplice desta palhaçada, desta falta de ética generalista dos tais homens de bens(morais) estupidamente imorais e anti-éticos.

Exemplos nós podemos ver nos livros didáticos, em que até o momento, nem, as editoras, nem os autores, nem mesmo o Ministério da Educação, explica, mas a palavra Brasil, está nos mapas medievais, desde o século V, e a historia oficial do Brasil, tem a grande estupidez de ensinar que o País foi descoberto em 1500, sem no entanto dar uma explicação consciente, para nós brasileiros, outro fato evidente, está na certeza de que mais de 90 língua indígena, são pronunciadas neste território, e aculturadamente dizemos dialeto, mas sabemos que a comunidade indígena organizada rejeita a expressão "dialeto", e curiosamente os livros didáticos, registram que os índios brasileiros falam tupis, guaranis, esquecendo das tais nações indígenas, das diferenças múltiplas que há entre elas. Se fossemos falar da cultura negra nem se fala. Há inúmeros episódios que possamos, relatar mostrando a fragilidade de nossos ensinos, sejam no setor público, quanto privado que é de pior qualidade e os professores são apenas robôs das competências e habilidades.

É preciso derrubar os pilares de sustentação desta estrutura tida como educacional, para construirmos o que entendemos como ideal, ou como um a outra verdade diferente dessa, que conhecemos.
Penso que é preciso planejar a curto, a médio e longo prazo pra de fato estabelecer um processo de transformação plural, e multicultural de fato.

Educar deveria ser fundamentar-se numa pauta de ética, sem mentiras, mas isto ainda não ocorre, o planejamento nacional ainda não existe, e eu pergunto-me, será que vai ser fácil, fazer editoras, departamentos científicos universitários, mestres e doutores, mudarem os conceitos, do que apontamos como errados nesta nossa base do conhecimento, contrapondo com as sapiências de seus apontamentos. Creio que será preciso muita pressão por parte de todos os brasileiros conscientes, em cada momento de nossa respiração. E se alguém já está concordando comigo, podes crer, já estou orando com um belo sorriso.

Manoel Messias Pereira

professor e cronista
São José do Rio Preto - SP - Brasil







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