UNFPA: Seminário Internacional discute em São Paulo racismo e implicações na saúde da população
UNFPA: Seminário Internacional discute em São Paulo racismo e implicações na saúde da população
Evento, que contou com o apoio da agência da ONU, debateu importância da consideração da perspectiva racial nas pesquisas sobre saúde e a necessidade de políticas específicas na área que considerem a diversidade étnica e racial.
O “Seminário Internacional sobre Avaliação da Qualidade da Atenção em Saúde de Populações Vulneráveis: Pessoas com transtorno mental, usuários de álcool e outras drogas e população negra” evidenciou a importância da indicação racial nas pesquisas sobre saúde e teve objetivo de estimular o debate sobre o tema nos dias 12 e 13 de novembro na Universidade de São Paulo (USP).
A representante auxiliar do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), Fernanda Lopes, organizou a conferência sobre direitos humanos, vulnerabilidade e saúde da população negra, destacando dados que evidenciam o racismo nas condições de saúde da população.
“Segundo o Mapa da Violência, lançado na semana passada, em 2013, dentre os homicídios cujas vítimas eram mulheres, aproximadamente 67% das vitimas eram negras. No período de 2003 a 2013 o número de homicídios de mulheres brancas caiu de 1.747 para 1.576, em 2013, ou seja, observou-se uma queda de 9,8%.Entre as negras, os homicídios aumentaram em 54,2% no mesmo período, passando de 1.864 para 2.875.”, apontou Fernanda.
Afirmando que mortalidade materna é uma grave violação de direitos humanos das mulheres – pelo fato de ser evitável em mais de 90% dos casos – a representante da UNFPA declarou que óbitos maternos têm “cara, cor, idade e endereço.” Das 1.505 mortes durante gestação investigadas em 2013, 772 foram de mulheres entre 15 e 29 anos, sendo 522, pretas e pardas. “Situação inaceitável em especial porque 98,7% dos partos no Brasil ocorrem em ambiente hospitalar, e são feitos por profissionais capacitados”, concluiu.
A coordenadora de políticas públicas para a população negra e indígena da Casa Civil, Elisa Lucas Rodrigues, destacou a necessidade de implementação de uma política específica que considere a diversidade étnica e racial. “Pensar em saúde é pensar em equidade, acesso a serviços e diminuição das desigualdades”, acrescentou.
A doutora Maria Amélia de Campos Oliveiras, diretora da Escola de Enfermagem da USP, enfatizou a importância da indicação racial nas pesquisas, já que outros temas também fundamentais, como gênero e geração estão sendo incluídos. A doutora enfatizou que a atividade acontece no contexto da Década Internacional de Afrodescendentes (2015 – 2024) e da Mobilização Nacional Pró-Saúde da População Negra e da Década Internacional.
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