Crônica - Diálogo das Palavras - Manoel Messias Pereira
O diálogo das palavras
Abram os livros,escute, cheire, sinta o gosto lambe, entenda o esgrimar de "Irmãos Corsos", na narrativa doce infanto de Alexandre Dumas, descubra as paisagens ditas e narradas por Montaigne. E depois adentre as demais obras clássicas da literatura universal.
Há livros, que te levam aos terreiros de candomblés, com Jorge Amado, com toda a familiaridade da vida baiana, ou compreendendo os gemidos de Gabriela Cravo e Canela, só pra agradar o seu homem, seu senhor, o Seu Nacib, e mesmo traindo com Tonico Bastos, entendiam ela que apenas estava sendo cortez. E na literatura brasileira entenda o pós simbolismo, moderno, hermético e as poesias de vanguarda de Orídes Fontela.
É preciso sempre entender que há poesia, nos poemas, e ternura nas prosas, como se a poesia fosse só as flores que brotam dos textos. E se espera que encontre um professor da rede pública ou privada do ensino fundamental ou médio, ou até superior que aventure fora deste expediente, sem até a uma prisão da grade curricular, e as exigências da carreira, explico, que não há loucos na profissão, só profissionais envolvidos com um programa didático-pedagógico.
Entender a literatura é ter o olhar nos clássicos, mas também nos poetas e autores não clássicos, nos negros, nos gays, lésbicos, de todos os gêneros, ou seja entender que além do masculino e feminino, estamos num período de transição, importante e interessante em que todos desejam apenas respeitar a diferença, em reafirmar e conviver harmoniosamente com ela. Adoro ler Roberto Piva, que em seu livro "Sinais de Saturno", ele escreve "o mistério lunar da menina lésbica/linda como nenufar com o seu pássaro levando na mochila/As canções de Bilitis/uma coruja no ombro & no sangue os gritos dos náufragos de outrora", e assim vejo todos os Uivos como diria Allen Gisberg.
É preciso entender que ler é uma orgia, como diz o poeta Jacomelli "temos de ater o livro, ler, lamber a tinta até ao orgasmo das palavras", e não deixar a sinfonia inacabada como diria o professor Antonio Carlos Mazzeo,mostrando que a consciência politica é uma grande orquestração.E penso que a arte, a poesia, a história a politica, a religião ou não religião, o materialismo histórico dialético, de Marx que contra-pós Hegel,que alimentou-se nos valores clássicos como de Aristóteles, Epicuro, Heráclito. Se tudo é uma grande obra necessitando de orquestração, é preciso reiterar a necessidade de aperfeiçoar, de ter a habilidade, de instrumentalizar-nos, a parti da nossa existência humana.Pois viver necessariamente deve ser construir coletivamente pra uma paz permanente, em que pão, terra e liberdade possa existir nessa nossa doce humanidade. e para tal, paramos pra ouvir, dialeticamente o silêncio sendo incomodado, pelos diálogos das palavras. O que dará voz sem duvida, será as nossas bocas.
Manoel Messias Pereira
cronista
São Jose do Rio Preto -SP. Brasil
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