Crônica - O excluído - Manoel Messias Pereira

nesta foto Billy Harris (artista)

O excluído


É triste ver um ser humano caminhando pelas ruas da cidade, como quem perdeu a linha da existência. Vai de um lado para o outro como barata que desejas esconder do inseticida. É  triste ver quem acompanhando essa infelicidade humana e, depara-se com  a arrogância o enorme grau de estupidez contida na figura de outro ser da mesma espécie.

A ideia de não saber localizar-se, de onde parte pra onde vai. É o grau de insegurança, que vivem pessoas que perdem a família, os amigos,muitas vezes a credibilidade, possuem antecedentes criminais mas é um ser que deseja reparar-se a sua própria vida construir um outro olhar sobre o mundo e vai sempre depara com o alto estágio de rejeição da sua  existência.

Este ser da minha ficção, imaginário, e fundamentado numa figura humana. E uma figura que provavelmente sabe chorar, de frio, de fome, sabe reclamar, mais também agradecer pelo pouco de ar que respira. Já as tais pessoas arrogantes são aquelas, que se diz dotadas de sentimentos, de espiritualidade, visões religiosas, de posturas humanísticas. Mas que possuem praticas repugnantes do ponto de vista de quem atem-se numa postura de equilíbrio social.

Há com certeza a ideia de realização de tarefas fundamentadas nesta ou naquela experiência social, nesta ou naquela frase solta de um ou de outro livro sagrado.Existe a ideia e valor da humildade, de como a frase religiosa de Matheus que diz é mais fácil passar um camelo no buraco de uma agulha do que um rico entrar no céu. É para esse rico que descrevi ficcionisticamente como arrogante, o céu dele está aqui na terra, no espaço  de sonhos.Enquanto que os outros são os todos  que, caminham lutando por uma sobrevivência, para ganhar o mínimo de uma remuneração que apenas te garanta para um almoço como afirmam no pão nosso de cada dia. E tendo o salário baixo, ou melhor extremamente rebaixado é, sinal do pleno desrespeitado na sua dignidade.

E é com essa indignidade de vida que se perdem pela rua com vergonha de chegar em casa e apresentar uma esmola social, como salário. E isto é torturante é humilhante e garantido pela desgraça de Estado que ele (personagem fictício) e mais todos nós estamos passando. E quando um de nós tem a pelo morena ou negra há um grau de opressão que vai na linha do absurdo.

O absurdo vai desde a lenda das três raças, de que o Brasil foi construído de forma homogênea por brancos negros e índios e até criaram uma história fictícia que compões alguns livros escolares dando a ideia de nação, quando estabelecem que na expulsão dos neerlandeses em que dizem que foi uma luta chamada de maior conflito militar da colonia, pelo controle do açúcar, bem como das fontes de suprimentos de pessoas escravizadas, tendo duas frente Brasil e África em que destacaram Martins Soares Moreno, Antonio Felipe Camarão este indígena, Henrique dias (negro) e Francisco Rebelo o rebelinho, luta essa de 1648. E com isto surgiu a ideia do marco do nativismo, que resultou na vitória do exército pátria e estabeleceu-se um sentimento nacional. Pura e excêntrica bobagem. Historia fictícia, para tentar iludir quem quer que seja de que isto aqui chamado Brasil não é apenas um ajuntamento de gente mas uma nação. Portanto um desrespeito histórico inclusive com fraude histórica, e que mereceria um tratamento acadêmico universitário de mais respeito inclusive as novas gerações de estudantes. Mas nem isto existe há mais desrespeito nos meios acadêmicos do que imagina-se.

E o desrespeito é aprofundado e estabelecido de forma cruel na negação da humanidade dos seus seres pobres, paupérrimo que tem nas sua pele  mais melaninas, e vai sim ser a vítima da exclusão social e significar o entrave do desenvolvimento social.Para D. Pedro I, negro não podia aprender a ler e escrever e isto consta na constituição de 1824, embora ao ler o trabalho do pesquisador Arno Vogel "Trabalhando com a diversidade no Planfor", fundamentado em raça, cor, gênero e pessoa portadoras de necessidades especiais, ele afirma que imperador na Constituição de 1824, fingiu que não havia escravo no Brasil. O que não é verdade tanto que tem a proibição do aprendizado escolar, numa constituição ditada por ele e além de todos os outros documentos estabelecendo os seres escravizados como semoventes. Mas a questão é que muitos pesquisadores perdem-se em dados estatísticos e tem deficiências históricas inclusive para análise sociológica, embora ele fala da felicidade na casa grande, portanto os escravos não estavam todos na casa grande evidentemente e se houvesse um contagem da quantidade de pessoas que residia no Brasil evidentemente que encontrariam os afrodescendentes como aliás temos pessoas afrodescendentes ainda hoje  no Brasil.

A situação etnográfica no Brasil tem uma porcentagem de 47,7% de brancos e 50,7, declarando-se negro ou preto ou pardo, sendo que o censo de 2010, concluiu que os negros representa a metade da população brasileira, portanto essa população que é grande maioria que tens sofridos com racismo e discriminação a ponto de isto ficar cristalizado. Sendo que o racismo permeia toda a esfera da vida social brasileira, sendo um tema de difícil abordagem e ainda encontrando a bobagem do conceito de Gilberto Freire da tal democracia racial, que nunca existiu.

E por tudo isto não basta apenas ficar na observância destas pessoas esquecidas pela própria sorte e pelo estado e a sociedade brasileira,é preciso estender as mãos amparar pela lei 12.288 de 20 de julho de 2010, que instituiu o estatuto da Igualdade Racial, sendo que no artigo primeiro já diz é este estatuto garante a população negra  a efetivação da igualdade de oportunidade, a defesa dos direitos étnicos individuais, coletivos e difusos e o combate à discriminação e às demais formas de intolerância étnica.

E assim espero que cumpramos essa missão, de prevalecer essa luta, embora saibamos que nos marcos, da atual conjuntura isto é paliativo. É preciso avançar inclusive para um processo de respeito humano, socialismo. Sendo todos anti-racista e anti-capitalista.


Manoel Messias Pereira

poeta, cronista

Imortal da Academia de Letras do Brasil -  ALB
Regional São José do Rio Preto -SP. 




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