Semana de visibilidade trans 2017






Começa semana de visibilidade trans 2017


No domingo (29) será celebrado o Dia da Visibilidade Trans, criado para promover o reconhecimento e os direitos de transexuais e travestis. No entanto, as atividades da Semana da Visibilidade Trans 2017 tiveram início na última quarta-feira (25), com um evento realizado em Brasília que teve debates sobre o tema e o lançamento da campanha “Sobre Viver Trans”, parceria da Organização das Nações Unidas com o Ministério da Saúde.
Atividades da Semana da Visibilidade Trans 2017 tiveram início em Brasília. Foto: UNFPA Brasil/Jorge Salhani
Atividades da Semana da Visibilidade Trans 2017 tiveram início em Brasília. Foto: UNFPA Brasil/Jorge Salhani
No domingo (29) será celebrado o Dia da Visibilidade Trans, criado para promover o reconhecimento e os direitos de transexuais e travestis. No entanto, as atividades da Semana da Visibilidade Trans 2017 tiveram início na última quarta-feira (25), com um evento realizado em Brasília que teve a exibição do webdocumentário “PopTrans” (2017), debates sobre o tema e o lançamento da campanha “Sobre Viver Trans”, parceria da Organização das Nações Unidas com o Ministério da Saúde.
Rosa Luz, rapper, youtuber e ativista, subiu ao palco para demandar que se respeite a população de transexuais e travestis do Brasil. A mensagem contemplou o auditório — que tinha mais espectadores do que assentos — que assistia e aplaudia incessantemente.
A mesa de abertura teve a participação de Adele Benzaken, diretora do Departamento de ISTs, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde; Esdras Daniel do Santos Pereira, diretor do Departamento de Apoio à Gestão Participativa; Keila Simpson, presidente da Articulação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA); Tathiane Araújo, presidente da Rede Trans; Lam Matos, presidente do Instituto Brasileiro de Transmasculinidades (IBRAT); Sílvio Albuquerque Silva, secretário-adjunto da Secretaria Especial de Direitos Humanos do Ministério da Justiça; e Niky Fabiancic, coordenador-residente da ONU no Brasil.
Sílvio de Albuquerque defendeu que as pautas legislativas atuais são um retrocesso, pois “não estão em sintonia com a Constituição brasileira”. Ele lembrou que a Secretaria Especial de Direitos Humanos é completamente favorável à criminalização da LGBTfobia e à facilitação da obtenção do nome social. Essas conquistas representam “um extraordinário ganho para a reafirmação da dignidade das comunidades LGBT no Brasil”, afirmou.
Niky Fabiancic, coordenador-residente da ONU no Brasil, afirmou que os obstáculos encontrados no reconhecimento da identidade de gênero afastam as pessoas trans dos serviços públicos e dificultam o acesso à saúde, segurança, educação e à cidadania plena.
No Brasil, a expectativa de vida de uma pessoa transexual é de 36 anos. Por esta razão, Fabiancic disse que, lamentavelmente, ser trans no Brasil é mais que a busca pelo reconhecimento, é a busca pela sobrevivência e vida digna.

Documentário PopTrans

O webdocumentário PopTrans, lançado e exibido durante a abertura da Semana da Visibilidade Trans, tem como intuito contribuir para a melhoria do acesso das pessoas trans aos serviços de saúde, além de gerar empatia e sensibilizar o público.
O filme traz depoimentos de travestis e homens e mulheres transexuais que abordam experiências, dificuldades e demandas dessa população no Brasil. Glória Crystal, uma das participantes, afirma que ser trans é “desconstruir e construir, com muita ousadia, muita capacidade e muita perseverança”.
“Para mim, todos os dias são dias de visibilidade para nós [pessoas trans]”, afirma Glória, ao ser questionada sobre a importância do Dia da Visibilidade Trans. Seu desejo é que as pessoas trans não precisem mais se afirmar perante a sociedade: “estamos em todos os setores”. “A gente não tem que mudar nada”.
Em relação aos serviços de saúde, Marcelly Malta, também presente no documentário, comenta que as e os profissionais de saúde não têm conhecimento sobre como atender uma travesti ou uma trans, a começar pelo tratamento através do nome social.
No evento, a ONU lançou, por meio da campanha Livres & Iguais, a série de cartões “Sobre Viver Trans: histórias de afeto e empoderamento pela visibilidade das pessoas trans”. Foto: UNFPA Brasil/Jorge Salhani
No evento, a ONU lançou, por meio da campanha Livres & Iguais, a série de cartões “Sobre Viver Trans: histórias de afeto e empoderamento pela visibilidade das pessoas trans”. Foto: UNFPA Brasil/Jorge Salhani
“Nós não temos problemas. Somos travestis, transexuais e somos o que somos”, conclui Marcelly. “A questão da nossa sociedade não nos aceitar nem me interessa: isso é problema deles, pois são eles que têm problemas”.
Um dos homens trans do filme é Bernardo Mota. Ele comenta sobre a vulnerabilidade das pessoas transexuais ao se assumirem à sociedade: “desde que falamos que somos transexuais, temos nossa saúde mental dilacerada, debocham da nossa cara”. Entretanto, ele comenta que, apesar do desafio que é ser trans no Brasil, foi a transexualidade que o permitiu descobrir sua identidade.
A iniciativa de produção do documentário é do Ministério da Saúde, em parceria com as redes nacionais de pessoas trans.

Cartões Sobre Viver Trans

No mesmo dia, a ONU lançou, por meio da campanha Livres & Iguais, a série de cartões “Sobre Viver Trans: histórias de afeto e empoderamento pela visibilidade das pessoas trans”.
A ação distribuiu cartões ilustrados que contam um pouco da história de vida das pessoas trans no Brasil. Ao lançar o material, Niky Fabiancic, coordenador-residente da ONU no Brasil, afirmou que as pessoas trans podem ser o que quiserem: pais e escritores como João Nery, professoras de dança como Rhany Merces, artistas como Heitor Sebastian e Pri Bertucci, profissionais de comunicação como Patrick Lima e Taya Carneiro, gestoras públicas como Paula Benett, e ativistas como Keila Simpson e Tathiane Araújo — todas essas pessoas, juntas, serviram como modelos da ação.
Uma delas, Keila Simpson, afirma que as trans não deveriam precisar seguir padrões para serem incluídas nas políticas públicas: “não é a sociedade que tem que dizer pra mim como eu devo me comportar ou como devemos nos comportar”. “Nós que devemos dizer à sociedade como ela nos deve respeitar”, diz. A mensagem de esperança que Keila deixa, no cartão que a homenageia, é que “todas as travestis — como ela — possam ser protagonistas de suas vidas”.
Fabiancic afirma que, hoje, os princípios da não discriminação e igualdade não podem ser escolhas ideológicas ou preferências políticas: “são princípios que o Estado tem a obrigação de respeitar, proteger e promover”.
Jaime Nadal, representante do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), ressaltou que ações em prol dos direitos da comunidade LGBT vão ao encontro da promoção dos direitos sexuais e reprodutivos, uma questão central para a agência. Ele declarou que as pautas da comunidade trans são muito importantes para que se atinja a universalidade dos direitos humanos.
Nadal conclui dizendo que a agenda trans também é agenda do UNFPA, já que temas relacionados à orientação sexual e identidade de gênero estão no centro do mandato do UNFPA no Brasil.
A campanha Livres & Iguais, realizada desde 2014, promove a igualdade da população LGBT e tem três objetivos principais disseminar as mensagens da ONU de aceitação e igualdade, apoiar o advocacy da ONU nos países onde ela se faz presente e dar suporte ao trabalho de organizações da sociedade.

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