Crônica - As almas em meus sonhos - Manoel Messias Pereira

As almas em meus sonhos
Os mortos e os vivos sempre entram em meus sonhos. Vem em imagens e ideias e nos remetem a gritos, a gemidos, a falas, a discursos. Muitas vezes acorda-me com sobressaltos, balançando a cabeça como se estivesse num transe. Ou melhor provavelmente estivesse num transe a de meus sonhos.
Outro dia recebi uma alma amiga, viva, linda, minha alma-gêmeas e trouxe-me três velas e tentou acende-las, mas nenhuma delas pegou fogo. Já em outra oportunidade num outro sonho a mesma alma veio me visitar toda de branco, e tentou me dizer que há muito tempo não paramos para conversar. Despertei-me, E sabes essa é um alma que já conseguiu fazer-me percorrer em mim todos os sentidos, já me fez chorar, já me fez sorrir, já meu transmitiu medo, proteção, já me bateu, já me amou e penso que ainda me ama.
Uma outra alma amiga morta, que já correu sobre o meu bairro, adentrou o meu quintal, juntamente com outras almas também morta, disse agora tem uma turma legal, que andam pelas avenidas, entram nas casas. Achei legal encontra-la em meus sonhos. Mas numa outra visita ela disse-me, para recolher a minha parte nesta vida, os moveis e imóveis, os pães os vinhos. E dizia-me para não perder tempo.
Consultei o velho Carl Jung, sobre estes sonhos e ele disse-me, que todos esses sonhos são desejos ocultos, que vão se revelando. E a revelação são equilíbrios do psique. Voltei pra realidade e passei acreditar que tenho mesmo é que dividir tudo eu que não tenho nada, preciso tirar a minha parte nesta divisão, cumprir os desejos de meus sonhos ter a minha parte.
Conversei também com outras pessoas leigas mas que dizia que as imagens dos sonhos assim como as ideias são recados ao espirito. Diante disto procurei sonhar com o velho Sigmund Freud que afirmou que os sonhos são como realizações dos desejos o censor do psique que escolhe e que se torna consciente.
A interpretações destes sonhos talvez seja de estabelecer no descanso natural no sono de todas as noites as imagens reais dos sonhos. E assim uma alma de branco remete-me a imagem de Mahatma Gandhi e ao seu pacifismo e neutralidade frente as potencias bombásticas, que instrumentalizam de canhões, metralhadoras com suas rajadas, com bombas incendiárias e encontra-se em contraponto o silêncio da paz. Um silêncio que não acende uma vela. E não ascende para a violência do mundo somente o respeito ao mundo.
Mas como dizia a alma morta é hora de pagar e receber. Eu que não tenho nada, devo pagar com a desobediência civil, com o boicote aos produtos, com o não pagamento dos impostos. Daí entendi que é preciso recolher a minha parte da riqueza desta sociedade. Essa sociedade que precisa ser destruída, pra renascer implantada na democracia direta, na formulação de células, alicerçadas, alimentadas, na ternura, na beleza, mo amor. E sei que assim entendo a razão destas almas vir povoar meus sonhos e despertar para uma vida. Esplêndida e traçada na ternura da existência.
Manoel Messias Pereira
poeta e cronista
membro da Academia de Letras do Brasil -ALM
São José do Rio Preto -SP. Brasil

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