Crônica - A celebração cotidiana - Manoel Messias Pereira

A celebração cotidiana

A vida cotidiana precisa ser encarada como um culto em que celebramos todos os dias a alegria do encontro. Nos brindes dos bares, no acordar em nossos lares, na leitura de nossos passos sobre as calçadas da cidade. Temos que manter um olhar do gestos santificados e sagrado da existência.

Não basta respirar a vida precisa florescer nas conversas, nos olhares, nos apertos de mãos, no café da manhã, no chá da tarde, isto na amizade. E quando a amizade transforma-se em outro relacionamento mais íntimo, além das conversas, com olhares e apertos de mãos surgem os abraços com afetividade, os beijos, que começam no rosto, nos selinhos da boca, até o enfiar da língua um no outro ou na outra, não importa-se muito o gênero. O importante que o culto sagrado está sendo praticado e lógico com a ternura e o amor o que é importante.

Mas quando falamos em cultos as pessoas imaginam, uma igreja, uma sociedade secreta, uma sociedade fechada, uma construção coletiva em busca de Deus. Como no momento de orações das Igrejas cristãs em que todos fazem votos por uma fé e num senso de propósito essas ações coletivas parece que auxiliam a todos a serem melhores e alcançar patamares mais evoluídos para outra vida ou nesta mesma existência.

Essa fé acaba aparecendo em todas as manifestações humanas, nas pinturas, esculturas, músicas, igrejas mesquitas, na política e até na guerra. E isto pelo menos é que se passa, acredita-se. Mas Karl Marx viu nestas manifestações o que el chamou de ópio do povo. Entendendo o ópio a droga extraída da flor da Papola,e que foi usada no processo imperialista britânico, para o domínio do povo chinês. Portanto essa comparação leva-nos a entender que há os que viciam na religião e ficam na dependência, dos cultos religiosos como se eles fossem um apoio para caminhar.

Agora lendo a revista da editora Larrousse , vi a informação de que o ser humano tem medo do tempo. Do tempo passado,  nem sempre, nem futuro. Do tempo absoluto. E para o ser humano finito e angustiado, o tempo é algo sobrenatural, cujo os segredos e mistérios são guardados por serem superiores.

Com os olhos marejados de lágrimas de tanta emoção vi um di Maria Bethânia cantar "Oração ao Tempo" uma composição de Caetano Veloso, que pode ter inspirações no deus do Tempo do Candomblés. Penso eu.

Mas existe a ainda a ideia de sociedades secretas que inicia-se pela religião, assim como há quem disse que existe sociedade secretas que passa pela organizações criminosas e chegam as sociedades secretas politico e econômica.

Há uma história ou anedota contada pelos marxistas que dizem que no período da ditadura quando confiscava-se livros, queimavam e prendiam escritores ou coisa assim até mesmo leitores dos livros subversivo. Chegando num lar simples os militares deram uma busca numa casa e encontrou o livro "Materialismo e empirocriticismo" escrito por Lênin. Mas o militar sem uma formação educacional, disse achamos isto mas isto deve ser um livro espirita. E isto não faz mal a ninguém.

Ou melhor nenhuma obra literária ou sociológica não faz mal a ninguém só dá possibilidade ao desenvolvimento intelectual do indivíduo por meio da leitutra. E a obra de Lênin  é a defesa do materialismo contra a tendência  crescente da filosofia burguesa ao idealismo que inclusive estava influenciando os sociais democratas e Lênin compara a filosofia de Marc com o idealismo subjetivo do bispo Berkley a (solipsista).

O que temos que entender que a luta de classe e para a emancipação intelectual dos indivíduos. e que a filosofia não está fora do mundo assim como o cérebro não está fora do corpo. E a nossa vida precisa mesmo é ser um culto a ser celebrada todos os dias pela alegria do encontro.Nos encontros dos bares, no acordar em nossos lares, nas leituras de nossos passos sobre as calçadas da cidade, temos sim que manter o olhar santificado e sagrado  da existência. E que assim seja plenamente.


Manoel Messias Pereira

Cronista, poeta
Membro da Academia de Letras do Brasil - ALB
São José do Rio Preto -SP.












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