Crônica - Os bons camaradas - Manoel Messias Pereira

  1. Os bons camaradas

    Hoje vivemos no sistema capitalista, em que a elite governante desenvolve suas leis, suas formas de pensar, suas proteções políticas e tributárias. Essa elite é que organiza-se politicamente com seus partidos, com suas lutas eleitorais. Daí a organização do governo e desgoverno, da mistura do que é privado como o público, essa confusão que leva a corrupção ativa e passiva e com certeza, ações como pedaladas fiscais, e a questões como a busca de impedimento deste ou daquele governantes que não comete crimes alguns na suas concepções legais ou legalistas desrespeitando as urnas e o povo que votam. votos que não modificam nada. Os votos são estimulados por propagandas feitas de formas fraudulentas e não há Poder judiciário nenhum ou nenhuma dignidade em relação ao povo iludido e enganado politica e eticamente.

    Geralmente a maioria da massa da população formados de trabalhadores, pobres, carentes de realizações sociais, vivendo num funil de transgressão plenamente feitas pelas elites sociais, são estes seres humanos que votam na emoção de um abraço mesmo que seja falso. Falsidade e enganação que vão além das urnas.

    E pensando neste pobre que lembro do texto publicado em 20 de abril de 1888, por Paul Lafargue, quando escrevia sobre o crédito operário e o crédito industrial, quando ele cita a Lei do Bronze dos salários de Lassale aprovado por Guesde "O salário oscila no limite que é estreitamente necessário do operário para viver e para reproduzir sem descer sensivelmente." O que eu entendo que o salário é apenas pra manter o operário para que ele possa operar-se no trabalho, para garantir o lucro e a riqueza para os patrões, que faz parte da elite. Mas em 1899 temos o texto de Karl Marx que fala da mais valia, fundamentado na base irrefutável que explica a produção e o lucro do patrão são sim o trabalho não pago.

    Os seres humanos que pensam uma forma diferente dessa, organização capitalista, são facilmente tidos como utópico, que jamais alcançarão seus objetivos, quando sabemos que a utopia em tese hoje é o lugar comum ideal  para a harmonia dos indivíduos com a chamada sociedade ideal juntamente com leis justas e solidárias comprometidas com o bem estar coletivo. Mas Platão dizia que o governo deveria ser feito pelos filósofos, mas o que que o projeto traçado na realidade era uma projeção do idealismo. Coisa que hoje não entendemos assim. Pois tudo precisa ser feito segundo as necessidades dos seres humanos.

    E quando estudamos história geralmente já vimos o desenvolvimento humano, estudado a partir do processo de produção como o capitalismo primitivo, o escravismo, o sistema feudal, e hoje no capitalismo, sempre entendendo o aspecto de quem trabalha e de como isto foi feito, de como se passou ao longo do tempo o processo de exploração de um ser sobre o outro. E mesmo de um Estado sobre o outro. E retomando o olha de Lafargue ele chega a afirmar que as comunas rurais e a municipalidade urbana só tem em comum os encargos do Estado e o fato de seres esfolados pelos usuários. Portanto o Estado nada mais é do que o retrato de sua elite, como afirmamos no princípio deste texto, e ela elite que se organiza na sua administração de bens matérias e politicamente.

    E quando os delegados operários dos congresso de Paris  na 1a. Internacional e do Havre decidiram que o Partido deveriam sim participar da luta eleitoral, não era evidentemente para esperar a vitória, mas para exercitar e aumentar as suas forças utilizando as facilidades da propaganda e declarar as suas resoluções coletivas, pois não basta apenas defender ou desenhar o seu ideal, mas penetrar os seus pensares nas camadas sofridas e oprimidas da população, que efetivamente não está na elite governante. Pois é um profundo ato de reivindicações de direitos coletivos, como saúde, condições de trabalho, escolas e liberdade de desenvolvimento artístico e científico.

    E já que falamos de Platão com sua "Utopia", vale ressaltar que ela não era na antiguidade em defesa da classe obreira, até porque o trabalho feito na época era escravo na sua grande maioria. Mas sim na defesa de um protesto em favor da inteligência aristocrática dos chamados descendentes das classes educadas de nobres que se queixavam dos negociante. Assim como Platão falava-se em comunismo concebidos para satisfazer a classe dos intelectuais. A sua aristocracia era baseada  em privilégios não de nascimento ou de riqueza, mas sim de saberes. E assim os filósofos de Platão formavam a classe dos mais elevados.

    E assim concluímos que a vida em suas palavras, nas múltiplas opiniões, na imagens arquitetadas pela natureza e pelos seres humanos situa-se num grau de conhecimento elevado, porém distante de todas as experiências diretas e imediatas que os proporcionam as sensações e as paixões como afirmava o filósofo Epicuro que chamava isto de pre-noção. Na doutrina de Epicuro, ele sempre procura chegar mais perto possível da confirmação da sensações. E as imagens que vemos num espelho, durante o sono e as que estão contidas em nossos entendimentos ou critérios que assim não vão ter semelhança com os objetos chamados reais. Cada um de nós somos filósofos de nós mesmo ou da doutrina que escolhemos pra caminhar. E os que escolheram os mesmos caminhos que desejo trilhar devem entender que pra mim a importância do coletivo e de seus mundos diversos é sim o do pleno respeito. E os que entendem assim sejamos sim bons companheiros e com certeza bons camaradas.


    Manoel Messias Pereira

    cronista
    membro da Academia de Letras do Brasil -ALB
    São José do Rio preto -SP. Brasil.

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