Crônica - A celebração da Luz -Manoel Messias Pereira
Crônica de Manoel Messias Pereira
A Celebração da Luz
Nascer é ter uma vida a luz da realidade. é a celebração da vinda de
mais um ser humano, objetivando um Natal, independente da data, do
local, em cada família um brilho de amor.
O pai corre com um sorriso na face geralmente dá um abraço afetuoso
na gestante, procura o mais próximo amigo, tenta combinar a ideia de
serem compadres.
As avós geralmente procura um pirão de frango, sopas, fala em dieta
para a parturiente e até uma cerveja preta, que sempre disse que é pra
ter mais leite.
A mãe com tetas enormes, como a de minha mãe, jorram leites, como
néctas dos deuses. Nascer é sempre uma festa, em cada casa até a
molecada dos vizinhos aparecem de canequinhas querendo um leite quente
da mamãe.
Geralmente as pessoas da vizinhança chegavam olhavam a criança, e
diziam "Benza Deus", a criança acordavam e a mãe dava de mamá, e a
pequena pegava numa gulodice e imensa.
Outro ritual é o do nome, algumas casas fazem a combinação do nome do
pai e da mãe, sai cada nome esquisito. Já outras famílias aproveitam o
nome do pai ou da mãe, ou dos avós, lembram dos avós ou deste ou
aquele parente importante no contexto. Enquanto o nome não vem chama a
criança de Nenê. Quando é menina Nena, ou já vi menino de Neno.
Na minha casa quando nasceu meu irmão, ficamos chamando ele de Nenê e
faz 50 anos é mais conhecido assim na família. E o nome dele é
Florêncio, o mesmo que da minha mãe Dona Florência. Este nome faz-me
lembrar da primavera, quando os jardins e as árvores florescem, quando
uma chuva fina caem, e os pássaros enfeitam o céu.
Saindo do meu exemplo e voltando a falar das outras crianças, com o
nascer a sempre um rito de graça, minha avó sempre dizia, a criança
quando nasce cresce que nem abóbora.
É natural a ideia de nascer e crescer com saúde, como as flores da
primavera, e quando começa a gatinhar, a dar os primeiros passos, a
ensaiar correr, a cair, dizem que isto é um dom natural de Deus. Mas
quando questionamos sobre as questões das crianças que nasceram doentes
ou morreram, a explicação é que as pedras não dão flores, que as plantas
não andam e que os anjos e os homens participam da vida de Deus de
forma diferente. Pois as crianças que faleceram viraram anjos e as que
tiveram outro ritual como a doenças estão purificando a alma para Deus.
E a questão de que ninguém vê Deus, os mais velhos diziam
anteriormente que ele é um ser sobrenatural acima de nossas vidas.
Sempre sorria com essa explicação.
Meu pai dizia Deus é quente como o Sol, e nós negros estamos bem
próximo dele, somos mais escuros, mais abençoados. Mas minha mãe dizia
os pequeninos é que estão mais próximo, dizia que Jesus recitava "vinde a
mim as criancinhas" E ela completava são anjos.
Eu sempre ria disto tudo, e pensava, no nascer é como um raio de luz é
Natal, mas o leite, a alegria a celebração do nascimento de uma criança
é de alegria, é uma festa de carnaval.
Manoel Messias Pereira
poeta, cronista
Membro da Academia de Letras do Brasil - ALB
Membro da Associação Rio-pretense de Escritores - ARPE
Membro do Coletivo anti-racismo Minervino de Oliveira.
São José do Rio Preto - SP
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