O papel dos australizanos para a eliminação do racismo e da xenofobia

‘Australianos têm um papel a desempenhar na eliminação do racismo e xenofobia’, diz especialistas

Segundo relator da ONU sobre o racismo, povos indígenas, migrantes, negros, refugiados e requerentes de asilo sofrem especialmente com a discriminação na Austrália, incluindo a seletividade no sistema de justiça.
Povos originários da Austrália durante apresentação na sede da ONU, em Nova York. Foto: ONU/Mark Garten
Povos originários da Austrália durante apresentação na sede da ONU, em Nova York. Foto: ONU/Mark Garten
O especialista em direitos humanos das Nações Unidas Mutuma Ruteere pediu a todos os australianos que reforcem os esforços para acabar com o racismo, a xenofobia e outras formas de discriminação racial no país, especialmente contra os povos indígenas, os migrantes, os refugiados e os requerentes de asilo, bem como contra as pessoas de ascendência africana.
“A eliminação do racismo, da xenofobia e da discriminação não acontecerá a não ser que seja liderada pela mais alta liderança política e a menos que instituições como a mídia desempenhem um papel construtivo”, disse o relator especial da ONU sobre o racismo no final de uma visita de investigação à Austrália, nessa quarta (7).
Ruteere reconheceu o interesse das autoridades em assegurar o multiculturalismo e exortou o governo a mostrar liderança e respeitar a diversidade num país onde um em cada dois australianos nasce no exterior ou tem, pelo menos, um pai nascido fora do país. Ele saudou ainda o trabalho e os esforços da sociedade civil e da Comissão Australiana de Direitos Humanos.
No entanto, o especialista alertou para os “muitos desafios” que os povos indígenas e outros grupos continuam enfrentando em todos os aspectos de suas vidas.
“Os povos indígenas são desproporcionalmente direcionados pelo sistema de justiça criminal, com altos índices de encarceramento juvenil e perfilamento policial. O policiamento atual das comunidades indígenas é muito punitivo e precisa de uma mudança urgente, pois suas consequências só podem levar a uma devastação ainda maior dessas comunidades”, disse ele.
“Os povos indígenas têm três vezes mais chances de experimentar desemprego, permanecem na margem do progresso econômico e da prosperidade”, destacou o especialista. Ruteere também lamentou que as línguas e culturas indígenas estejam ausentes ou raramente integradas nos programas educacionais. Ele pediu às autoridades que desenvolvam um currículo apropriado para as comunidades indígenas.

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