Crônica - O pequenique das pretas - Manoel Messias Pereira


O Piquenique das Pretas

Hoje vivemos um período escolar em que todas as crianças devem e precisam estar na escola, embora muitas vão pra lá sem a consciência do processo educacional, que precisaria fazer parte de um processo histórico que tivesse início na sua casa, com o olhar de sua família. Mas quando pensamos em família lembramos que no passado tínhamos nas cartilhas nos primeiros livros escolares um tipo de família, que geralmente eram de pessoas brancas, com papai, mamãe, um casal de filhos e uma empregada negra. Ou seja a abordagem nunca trazia a tona a família da empregada. E a ideia que permanecia era que a a família da mulher negra não frequentava a escola, ou não era vista ou revista no contexto social do ambiente escolar.

Outro dia participei de um evento chamado Piquenique das Pretas, e uma das questões discutidas que foi colocadas em pautas era a vida das crianças afrodescendentes nas escolas. E algumas escolinhas as professoras penteavam as crianças brancas, e nem olhava para a cabeça das crianças negras. Há mães negras que afirmou que fazia tranças na cabeça das suas crianças mas que lá na escola, a professora dizia que ela devia tratar do cabelo. Mas eu tenho a plena certeza de que nenhuma faculdade de pedagogia não ensina nada em relação a criança do fenótipo afro nem em relação ao cabelo, nem em relação aos lábios grossos, o nariz achatado,, e nem  as informações sobre saúde relativo a anemia falciforme ou hipertensão.Até porque o próprio ensino superior tem enormes dificuldades de tratar a questão da diversidade cultural, isto não por falta de conhecimento, mas porque grande parte da população dita branca do Brasil, tem a famosa doença do racismo, que manifesta-se com o preconceito racial ou com a discriminação social dos afros descendentes.

A minha ideia é que houvesse em todos os sentidos a possibilidade de uma educação que não fosse discriminatória, porém estamos num contexto complicado, em que o pensamento do mundo na sua grande maioria é o da plena competição, do pleno individualismo. De um sistema político de exploração de um ser humano sobre o outro ou melhor sobre o teu próximo. E aquelas lições traçadas nas missas do partilhar o pão do transformar o pão no corpo de Cristo, no milagre eucarístico da chamada transubstanciação parece ser apenas um pequeno teatro. E as pessoas que nele participa diante do sistema econômico e político que defendem parece que esquecem e sente que as palavras ditas no recinto religioso é apenas uma lenda e que não está fazendo parte de uma realidade.

Quando entendo que as palavras podem exprimir uma plena verdade, e que elas tem o poder, pois ela tem uma força que pode ativar o pensar ou causar uma espécie de arma de dois gumes com efeitos benéficos ou maléficos. e por isto creio que todas as palavras precisam brotar do sonho infinto de paz que devemos trazer no coração e pronuncia-las é evocar momentos. E não vejo como esses tais religiosos que frequentam cultos possam negá-las as palavras pela qual oculta os postulados de razões e emoções a partir de uma fé. E nesta fé é que deva crescer a afeição o amor e glamuor, que deva iniciar no encontro de olhares, nas amizades, no respeito e a vida exige isto de nós. Principalmente se acreditarmos que há belezas em todos os olhares e a sentimentos somente afetivos.

E essas palavras deva instruir as nossas ações. O espirito de cooperações, num estágio de relação coletiva, na busca de uma unidade, num olhar que deva ser diferente desta vida competitiva.

A competição está  em  seres  crê desejando matar as esperanças, destruir a vida, estabelecer a tristeza, com seres humanos mecanicamente agindo num capitalismo, bom apenas para os capitalistas e as pessoas em que eles põe no Estado pra girar o seu capital de  e enriquecer o próprio Estado e a classe burguesa imensamente. E temos esse olhar e esse pensamento instrumentalizado numa super-estrutura ideológica politico social e econômica, é obvio que o racismo o preconceito passe a fazer parte de nossa existência. e neste contexto não estão fora os organismos educacionais e culturais. Primeiro porque a educação acaba reproduzindo o que deseja quem está no poder. Que inclusive estabelece a orientação educacional e que fica como o ratinho numa eterna roda, sem transformar nada. E para tanto podemos ver todos os índices anos a anos o Brasil demonstra ao mundo, como a educação pode fracassar, graças a orientação governamental. Já a cultura num espaço de transgressão pode até fugir disto, mas ainda assim continua presa no processo ideológico do sistema. Ou não?

Enfim eu não acredito que dentro destas perspectiva do sistema vamos conseguir dar respostas aquelas mulheres que questionava as escolas e as práticas das pedagogas com as crianças negras, e as reivindicações da comunidade de afrodescendentes são apenas palavras que podem exprimir verdades e essas palavras tem o poder, tem uma fé mas que vai barrar na ideologia da superestrutura do próprio sistema, que confronta-se com o africanismo e o coletivismos das comunidades afros. Enfim como disse Florestan Fernandes, "os negros vivem o mundo dos brancos" e suas culturas, tende a ser incorporadas com uma vagarosidade imensa, a partir de uma demanda, termos o fim da doença social do racismo, que apresenta sintomas como preconceitos e discriminações. Enquanto isto a sociedade brasileira brinca de teatrinho com as palavras de suas religiões, mostrando que há uma mentira bem instrumentalizadas bem cristalizadas principalmente nas famílias das elites mas que contaminam inclusive a pobreza, que se vê empresarial, branca, rica. Mas não é nada disto, a grande massa são de despossuídos ou de pessoas penduradas em crediários e dívidas imensamente.


Manoel Messias Pereira

escritor
São José do Rio Preto - SP







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