Enquanto algumas pessoas se vangloriam por “ganhar o próprio pão” honestamente e sem auxílio, outras, com o perfil de Aparecida do Carmo Miranda Campos, a “Tida”, dedicam
seus dias à expansão deste e de outros direitos. Assistente social no
Hospital/Dia da Unicamp e aluna de mestrado profissional em saúde
coletiva na Faculdade de Ciências Médicas (FCM), “Tida”, desde 2005,
dedica-se a estudos pertinentes à saúde da população negra. Seu trabalho
já rendeu, entre outras realizações, o livro Saúde da população negra HIV/Aids: experiências e práticas,
organizado ao lado do médico Francisco Hideo Aoki, da Faculdade de
Ciências Médicas (FCM), e do químico Celso Ribeiro de Almeida, da
Coordenadoria de Assuntos Comunitários (CAC), ligada à Pró-Reitoria de
Extensão da Unicamp.
O quesito raça/cor deixou de ser
obrigatório somente na certidão de nascimento. Hoje, a declaração é
essencial dentro da Política Nacional Integral de Saúde da População
Negra desenvolvida pelo Ministério da Saúde, o que pode garantir maior
eficácia ao tratamento e equidade na atenção à saúde. “É preciso tratar
com um olhar diferenciado as doenças com maior prevalência nas pessoas
negras, como hipertensão arterial sem resposta satisfatória, por meio de
medicação com [in]eficácia entre brancos e negros. Os médicos precisam
fazer uma investigação mais apropriada sobre doença falciforme,
incluindo o exame de eletroforese para pacientes negros, e reconhecer o
direito à necessidade de atendimento e analgesia tanto para mulheres
negras e não negras no parto.”
Dentro de uma rotina intensa, em 2005,
“Tida” submeteu uma pesquisa ao edital publicado pelo Ministério da
Saúde /Unesco para identificar a existência de racismo institucional por
meio de pesquisas em HIV/Aids. O estudo, orientado por Aoki, foi
contemplado e, além do livro, motivou a realização do Simpósio Nacional
de Saúde da População Negra e HIV/Aids em 2010. “Um dos dados relevantes
confirmados na pesquisa diz respeito ao diagnóstico tardio para
pacientes negros em HIV/AIDS. Eles chegam ao hospital com a doença em
estágio mais avançado.”
A
mestranda Aparecida do Carmo Miranda Campos, a “Tida”: “É preciso
tratar com um olhar diferenciado as doenças com maior prevalência nas
pessoas negras”Vale uma pausa para imaginar onde “Tida” respira numa agenda assumida dentro e fora da Unicamp, em várias frentes: “Participo
da Pastoral Afro Brasileira, sou membro do programa Agentes de Pastoral
do Negro do Brasil (APNs), dos Comitês Técnicos de Saúde da População
Negra Estadual e Municipal (pela Unicamp) e em âmbito Nacional, faço
parte da Rede Lai Lai Apejo (parceria Unicamp), trabalho com mulheres
agroecológicas do Assentamento Vergel de Mogi Mirim (grupo As Elenas) e
também no Projeto Pão e Rosa, grupo feminino de minha igreja; coordeno
um curso de Direitos Sociais e Políticas Públicas (CNBB Regional Sul
para Pastoral da Saúde) e sou militante partidária.”
As injustiças sociais, por classe
social ou perfil socioeconômico, chamaram atenção para o cuidado com o
outro desde sua participação no movimento estudantil Jovens Estudantes
Católicos (JEC). Há 30 anos na
Universidade e mais de 20 no serviço social no Programa HIV/AIDS, “Tida”
busca contribuir inicialmente com a escuta acolhedora ao paciente e
depois fazer a intervenção necessária. “Procuro construir com o usuário
um plano psicoterapêutico que o possibilite ter adesão como sujeito de
sua história e proporcionar o máximo de recursos sociais disponíveis por
meio de um trabalho de rede de cuidado extramuros”, revela.
No mestrado, “Tida” investiga se o
racismo institucional está presente também no atendimento prestado pelo
HC da Unicamp. “Analiso algumas variáveis da pesquisa anterior e
investigo se cor/raça autorreferida é fator limitante para efetivação do
SUS em pacientes HIV/Aids em tratamento.”
Todo o conhecimento adquirido é
transmitido aos alunos de aprimoramento e estagiários de sua área.
“Oriento sobre a importância do recorte racial em suas monografias e
trabalhos de conclusão de curso.” Por meio do Projeto de Extensão
Comunitária da Unicamp 2015/16 (PEC), a assistente social levou a
discussão também a moradores do assentamento Vergel e conselheiros de
Saúde de Mogi Mirim, em parceria com o Fórum de Integração Cultural
Afro-brasileira (Ficafro), a CAC e a Faculdade de Ciências Médicas.
Ser assistente social na Unicamp
significa ter uma responsabilidade que carrega o peso da instituição,
segundo “Tida”. “Significa também que a percepção do racismo se faz
presente, porque estamos em uma universidade de ponta e que preza a
democracia e a justiça. Significa também que quando decido ser uma boa
profissional, supero estas coisas, dando visibilidade à capacidade e ao
profissionalismo.”
Na infância, “Tida” sonhava com a formação em Medicina, mas ao
ingressar no movimento estudantil, logo se identificou com a área de
Humanas. Os pais sempre incentivaram a estudar, mas o caminho foi
percorrido com pernas próprias. De oito irmãos, ela é a única com
graduação. A escolha pela profissão foi inspirada na atuação de uma
assistente social da Prefeitura de Campinas, que coordenava um centro
comunitário, onde “Tida”, como professora do Movimento Brasileiro de
Alfabetização de Adultos (Mobral), era a mais nova da sala, com apenas
15 anos. “Experiência gratificante e inesquecível".
A dedicação de “Tida” e de seu marido,
psicólogo, aos estudos motivou os filhos, que estão em busca do título
de graduação, um no curso de direito e uma em cosmetologia. A
importância de uma atuação social também foi transmitida com louvor.
“Hoje eles militam no movimento negro e são críticos aos temas das
atualidades. Exijo que estudem, tenham bom desempenho. ”
--------------------------------------------------------------------------------------------------------- Maria Alice da Cruz é
especialista em jornalismo científico pela Unicamp. Graduou-se em
jornalismo pela PUC-Campinas e estudou produção e direção de TV e cinema
na Escola de Formação de Cinema e TV, em Sousas. Atualmente, trabalha
na Secretaria de Comunicação da Unicamp e é membro do Pacto
Universitário de Educação em Direitos Humanos. É coautora do livro “Faço
Parte Desta História 2”. Foi revisora, redatora web e assinou crônicas
no jornal Correio Popular, de Campinas. Foi repórter do Jornal da Unicamp. Esta coluna revela aspectos da contribuição de alunos e servidores negros ao longo da história da Unicamp.
Cultura afro-brasileira se manifesta na música, religião e culinária Patrimônio Brasileiro Somente a partir do século XX, manifestações, rituais e costumes africanos começaram a ser aceitos e celebrados como expressões artísticas genuinamente nacionais por Portal Brasil Publicado : 04/10/2009 12h00 Última modificação : 23/11/2015 20h06 Divulgação/EBC Cultura negra é elemento essencial para a formação da identidade brasileira Itens relacionados Roda de Capoeira recebe título de Patrimônio da Humanidade Samba de roda baiano é considerado Patrimônio Cultural Acarajé é elemento central da cultura afro-brasileira Miscigenação cultural influencia música e dança no Maranhão O Brasil tem a maior população de origem africana fora da África e, por isso, a cultura desse continente exerce grande influência, principalmente, na região Nordeste do Brasil. Hoje, a cultura afro-brasileira é resultado também das influências dos portugueses ...
No capitalismo é assim No capitalismo é assim uma inversão de lógica que nos deixam assim num beco sem saída. Em que a vida permanece inalterada em que os pobres ficam cada vez mais pobres mais endividados, pendurados nos bancos enquanto a burguesia estabelece-se mais nobres e a democracia deles uma fantasia. Mas no capitalismo é assim uma inversão de lógica. E a velha ideia da ternura coletiva da solidariedade, da paz e fraternidade do pão e da plena igualdade o que os capitalistas afirma ser papos de comunistas ou ditaduras terroristas, É mais no capitalismo é assim eles são os ditadores são os donos dos latifúndios são eles os desgovernantes donos os criadores da hipocrisia que eles chamam de democracia mas é só fantasia. Mas no capitalismo é assim uma inversão de lógica. Manoel Messias Pereira poeta Membro da Academia de Letras do Brasil -ALB São José do Rio Preto -SP.
Ferro Primeiro o ferro marca a violência nas costas Depois o ferro alisa a vergonha nos cabelos Na verdade o que se precisa é jogar o ferro fora e quebrar todos os elos dessa corrente de desesperos. Luiz Silva (CUTI) poeta São Paulo - SP - Brasil
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